Depois de a secretária da Fazenda Cristiane Schmidt admitir, em entrevista coletiva, que pode ter que pensar em um plano B caso Goiás não se enquadre no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal, o governador Ronaldo Caiado (DEM) disse ontem que ainda não trabalha com essa possibilidade. Após reunião no Ministério da Economia, o democrata alegou que, antes de planejar qualquer solução, precisa esperar o resultado do diagnóstico da equipe técnica que o titular da pasta, Paulo Guedes, enviará a Goiânia.

“Eu sou muito realista: não vou programar plano algum enquanto eu não tiver o resultado da área técnica, até porque eu estaria, como se diz no nosso Estado de Goiás, passando com o carro adiante dos bois”, afirmou ele. “Não cometeria uma falha dessas. Vou ter humildade de aguardar o relatório”, reforçou o governador.

Na prática, o único avanço que houve na reunião foi a ampliação do número de técnicos da União que irão a Goiânia na próxima segunda-feira (14) para iniciar a análise dos orçamentos de 2018 e 2019. De acordo com a secretária da Fazenda, o grupo incluirá representantes da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e da Subsecretaria de Contabilidade Pública do Ministério.

Para Caiado, que negou ter pedido qualquer tipo de ajuda financeira ao ministro, o diagnóstico é, em si, parte da ajuda: “É aquilo que normalmente o paciente nos pergunta: ‘Qual o diagnóstico e o medicamento?’ ‘Deixa eu lhe examinar primeiro’. É exatamente isso que o Governo Federal vai fazer: vai examinar a situação fiscal e propor o tratamento para essa crise avassaladora do nosso Estado.”

A respeito da possibilidade de contração de empréstimo, ele repetiu o que já vinha dizendo sobre o rebaixamento da nota de crédito do Estado. “Como cobrar do ministro uma ajuda financeira se Goiás está classificado na letra D? Eu não posso pedir isso. Não posso repassar ao ministro todos esses crimes que foram praticados na gestão pública”, disse o democrata.

O governador também endureceu o tom contra seu antecessor no cargo, José Eliton (PSDB), quando questionado a respeito da folha de pagamento de dezembro, que ainda tem uma parcela em aberto. “Um governador deixar de empenhar é um crime de responsabilidade. E outra coisa, é o que eu disse ao ministro: fui eleito para ser governador de Goiás, não gestor de massa falida”, criticou.

“Essa responsabilidade tem que assumida por quem levou o Estado de Goiás a esta situação. E é isso que eu estou pedindo: que o ministro possa levantar, já que é uma equipe técnica, e mostrar para todo o Estado de Goiás a realidade concreta da situação do Estado. E ele disse que eu podia contar com ele”, afirmou Caiado.

Além da questão financeira – a atual gestão coloca que o déficit deve ser de R$ 3,4 bilhões – Caiado disse que permanece o impasse acerca do empenho. “Comentei sobre o assunto, mas infelizmente não está sequer empenhado e o governo não pode ter nenhuma linha de crédito porque está desclassificado hoje pelo Tesouro Nacional. Não posso fazer um pedido que não seja dentro das normas legais existentes.”

O imbróglio envolvendo o pagamento da folha começou ainda no ano passado, quando o governo anterior editou um decreto que desobrigava o empenho e liquidação da folha no mesmo mês. À época, Caiado acusou a antiga gestão de “calote anunciado” e disse que a medida abriria brecha para que o salário do último mês do ano fosse deixado em aberto. Antes de deixar o cargo, porém, José Eliton afirmou que nada impedia o empenho no início de 2019.

Agenda

A agenda do governador na capital federal foi extensa: além de entrevistas e do encontro com Guedes, ele teve reuniões durante todo o dia com auditores da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU); e com os ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM). Nos dois últimos casos, a pauta tratou de recursos e soluções para questões emergenciais do Estado.

Mais cedo, Caiado deu entrevistas a veículos nacionais, e entre elas gravou participação no Programa GloboNews Política, ao lado dos governadores do Espírito Santo, Renato Casagrande, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. “Encontrei um Estado com dívidas de R$ 3,4 bilhões e um caixa de apenas R$ 11 milhões. Em Goiás passamos por um vandalismo administrativo, em que o governador do passado colocou pessoas para sustentar um projeto político”, afirmou no programa.

Fonte: O Popular