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UNIÃO GOIANA DOS POLICIAIS CIVIS

Caso João de Deus: Relatórios atestam situação de abuso

A força-tarefa da Polícia Civil de Goiás (PC-GO) que apura, até o momento, 15 denúncias de abuso sexual supostamente cometidos pelo médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, de 76 anos, está em fase de produção e recolhimento de provas. Um dos artifícios utilizados é a solicitação de relatórios antigos de psicólogos e terapeutas particulares que tiveram como pacientes, nos últimos anos, as mulheres que procuraram a polícia para fazer a denúncia. Estes documentos, segundo a polícia, atestam o trauma vivido por elas e narram a condição semelhante de terem sido submetidas à situação de abuso sexual.

Esse é mais um padrão verificado entre as mulheres que procuraram a força-tarefa da polícia, concentrada na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia. O Ministério Público de Goiás (MP-GO) também possui uma força-tarefa paralela e, até esta segunda-feira (17), 506 denúncias de abuso contra João de Deus já tinham chegado até esta, a maioria delas pelo e-mail denuncias@mpgo.mp.br. O trauma gerado pelo abuso sofrido fez com que praticamente todas as vítimas que foram até a Polícia Civil procurassem por conta própria por auxílio psicológico. A ideia da investigação é fazer uso do que foi evidenciado por elas, ao longo do tempo, nos relatos dados aos profissionais.

Duas psicólogas integram a força-tarefa da PC-GO. Elas foram escaladas para recepcionar as vítimas que chegam à delegacia e fazer o primeiro contato, no sentido de tranquilizá-las. Como o período propiciado pela investigação é curto e inviabilizaria uma análise mais precisa e prolongada, os relatórios antigos de psicólogos que já acompanham essas mulheres há mais tempo foram a solução encontrada para reforçar a certeza de que se tratam realmente de vítimas de abuso sexual, cujos relatos já vinham sendo registrados nas sessões psicológicas de cada uma delas.

A delegada adjunta da Deic e que coordena a força-tarefa da PC-GO, Karla Fernandes, diz que os relatórios já juntados narram os abusos sofridos pelas pacientes e, principalmente, que elas vêm sendo tratadas ou procuraram pelo acompanhamento psicológico, justamente, por causa disso. “Por isso que a avaliação das nossas psicólogas não é no sentido de dizer se é vítima ou não. É mais para fazer a percepção de acompanhamento, entrar em contato com os outros psicólogos e ter realmente essa certeza de que essa pessoa tem um trauma e está falando a verdade”, conta a delegada.

Os padrões evidenciados entre as mulheres vítimas, até então, chamam a atenção não só pelos relatos que se coincidem, inclusive pela maneira como o médium teria agido para abusar sexualmente de todas elas, com um jeito de agir e argumentar semelhante em todas as ocasiões. Esses padrões, por si só, na visão do delegado-geral André Fernandes, reforçam o conjunto de provas. “Pelo o que estou vendo, vai ser um caso difícil para a defesa. Embora tenham muitos casos já prescritos, eles servem como prova testemunhal e relatam o mesmo comportamento. São muitas mulheres falando no mesmo sentido, e mulheres que não se conheciam, nunca tiveram contato”, destaca ele.

Essencial

Das 15 vítimas que formalizaram denúncia na Deic, existe uma, cujo abuso sofrido teria ocorrido em outubro deste ano e que, por ser mais recente, é considerado o mais importante do ponto de vista judicial. Até setembro deste ano, uma lei federal estabelecia, para casos de crime sexual, um período de prescrição de seis meses. Mas isto mudou e os casos anteriores a isso devem seguir a regra, pois a alteração na lei não é retroativa. O inquérito originado a partir do relato dessa mulher, que é goiana, foi o que gerou o pedido de prisão preventiva acatado pela Justiça. A polícia tem 10 dias para remetê-lo ao Judiciário.

“Vamos colher mais provas ainda”, diz André Fernandes. Vinte mandados de busca e apreensão já foram solicitados. A defesa de João de Deus nega todas as denúncias.

Mulheres buscavam ajuda para facilitar a gravidez

Os relatos das 15 mulheres que oficializaram denúncia de abuso sexual na Polícia Civil de Goiás contra o médium João Teixeira Faria, o João de Deus, trazem uma semelhança que chamou a atenção dos delegados. A maioria delas foi até a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde ele fazia os atendimentos, para buscar auxílio espiritual para facilitar a gravidez ou resolver problemas de desarmonia em casa, muitas vezes com o próprio marido. A delegada Karla Fernandes, que coordena a investigação, relata que o médium as levava para um local reservado e dizia sempre a mesma coisa: “Você precisa liberar a energia do chacra do baixo ventre”. E aí começava a massagear e apalpar o local.

Sensibilizadas e crentes da cura espiritual, muitas relataram que só foram se dar conta do que tinha ocorrido depois. E com aquelas que se recusavam ou demonstravam resistência em aceitar o que o médium propunha, muitas vezes chorando e pedindo para parar, ele logo reagia, segundo os depoimentos, dizendo que a mulher não estava disposta a se livrar das maldições e que, com isso, não iria engravidar. “Se você quisesse e tivesse esse desejo de verdade, você liberaria essa energia”, dizia ele, segundo os depoimentos das vítimas. A delegada entende que o médium fez uso da fragilidade das mulheres que almejavam engravidar, apesar de ele desmentir tudo e dizer que não se recorda de nada.

“Ele sempre utilizava essa questão da energia concentrada no baixo ventre e a necessidade de fazer uma massagem para que ela fosse liberada. Veja bem, se você está com um problema no dedo com unha encravada e a pessoa fala que você precisa liberar energia do chacra do baixo ventre, é possível que você suspeite que tenha algo errado nisso, mas se é um problema do útero, no ovário, se a mulher tá com alguma coisa familiar que tenha relação com a parte amorosa, a pessoa nesta situação não tem muito critério para desconfiar”, expõe Karla. Segundo ela, as mulheres conseguiram ter filhos depois, mas por outros meios. Algumas, inclusive, demoraram um pouco mais por causa do trauma.

2 perguntas para Karla Fernandes
Delegada que coordena a força-tarefa da Polícia Civil fala sobre o depoimento do médium João de Deus e a situação das vítimas que o denunciaram

1 -Durante o interrogatório, o médium caiu em contradição em algum momento?

Contradição, não, mas houve uma mudança de temperamento. Ele é uma pessoa de muita persuasão, que fala baixo, que tem uma serenidade e tranquilidade aparente. Não lembrava de ninguém. Toda vítima que eu falava, ele dizia não conhecer, não se lembrar, dizia que nada aconteceu, mas quando foi reportado em relação a vítima que aconteceu em outubro, ele mudou na hora. Eu só coloquei o nome dela, não disse o que ela tinha dito, e ele logo alterou a voz, dizendo: “Eu exijo um exame. Eu quero que ela prove”. Houve uma alteração de humor e de voz, e ele começou, de certa forma, a querer desacreditar a vítima, porque é o único caso que ele sabe que pode dar um problema maior.

2 – Das mulheres ouvidas, até então, como elas estão hoje?
Todas são pessoas que até hoje procuram ajuda psicológica e terapêutica. Elas tiveram a fé abalada. Se sentiram muito vulneráveis, porque não houve a confiança nem dos parentes. Muitos relutaram em acreditar ou eram fanáticos por ele. O assunto não era bem recebido.

Fonte: O Popular



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Nascida de um ideal de aproximação da família policial, revivida de esforços coletivos e abnegada dedicação, criou-se a Associação da Polícia Civil…

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