A dívida do governo estadual com as organizações sociais (OSs) que administram 17 unidades de saúde em Goiás é de R$ 283,2 milhões até a última quarta-feira, dia 17, considerando os dados disponibilizados até setembro no Portal da Transparência da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Dois dias antes, a mesma dívida estava em R$ 294,5 milhões. No dia 1º de outubro, ainda sem os valores de setembro e sem parte dos valores devidos a dois hospitais, a dívida estava em R$ 212 milhões.

Como o repasse previsto mensalmente é praticamente o mesmo, é possível dizer que em oito unidades de saúde o valor da dívida supera o equivalente a três meses, entre eles o Hospital Materno Infantil (HMI), o Hospital de Urgências da Região Noroeste de Goiânia (Hugol) e Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer).

No Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde a dívida equivale a 24% do total a ser pago pelo Estado até setembro, a crise se tornou pública, sendo necessária a atuação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Goiás (SRTE/GO) e do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO). Desde 24 de setembro, o hospital funciona mediante interdição pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech), que administra o Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG), informou por meio de nota que encaminhou formalmente à SES um diagnóstico e está aguardando posicionamento da pasta para definir as medidas a serem adotadas. No geral, as outras OSs informaram que apenas a assessoria de comunicação da secretaria estava autorizada a se manifestar sobre a crise que abate as unidades.

Com base nas tabelas disponibilizadas pelo Portal da Transparência nos dias 1º e 17 de outubro, com os dados até agosto e setembro, respectivamente, é possível dizer que a dívida aumentou em 14 das 17 unidades, sendo que nas outras três faltavam informações para se fazer a comparação. Isso considerando que neste período o governo estadual tem feito repasses para as OSs. No Hugo, no Hugol e no Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), a dívida aumentou entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões em cada uma das unidades.

Fontes ouvidas pela reportagem apontam que esta seria a maior crise vivida pela SES em relação ao pagamento das organizações sociais. No final de 2016, O POPULAR noticiou que a dívida chegou a quase R$ 200 milhões, mas em um mês a SES havia conseguido reduzi-la para pouco mais de R$ 30 milhões. Desta vez, a situação teria começado a desandar a partir de maio deste ano, tendo dois pontos críticos – entre junho e julho e em setembro. Os problemas que vieram a público tem a ver com atraso de salário e falta de insumos e medicamentos.

Uma prática comum dentro das unidades de saúde para driblar a crise, conforme O POPULAR apurou, é mudar de fornecedores conforme a dívida com o anterior torne inviável a manutenção do serviço ou repasse de insumos e medicamentos. A consequência, entretanto, é o aumento das despesas das OSs, com multas, juros e preços mais caros no mercado, já que fornecedores estariam colocando valores mais altos para compensar o atraso do pagamento.

Fonte: O Popular