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UNIÃO GOIANA DOS POLICIAIS CIVIS

“Ela tem de ser punida”, diz entregador vítima de racismo em Goiânia

Foto: Douglas Schinatto/O Popular

“Eu vou até o fim agora. Ela tem de ser punida pelo que fez comigo”. A frase é do motoboy Elson de Oliveira, de 39 anos, vítima de racismo na noite de domingo (25), quando fazia uma entrega no Condomínio Aldeia do Vale, em Goiânia. “Esse preto não vai entrar no meu condomínio. Mandar (<FI10>sic</FI>) outro motoboy que seja branco. Eu não vou permitir esse macaco”. Essas foram as frases que a Ham Burguer, local em que Elson trabalha, no Setor Goiânia 2, também na capital, recebeu quando o motoboy chegou à portaria do local para entregar sanduíches. O estabelecimento denunciou o ocorrido através das redes soci<CW-15>ais na segunda-feira (26).

Nesta quarta-feira (27), Elson, o proprietário do local, Eder Leandro Rocha, de 39 anos, e a gerente Ana Carolina Gomes de Andrade foram até a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC) registrar o crime, que será investigado pela Polícia Civil.

A autora ainda não foi localizada, mas polícia entrou em contato com a administração do condomínio e com o Ifood, aplicativo pelo qual o pedido foi feito e em que ocorreu a troca de mensagens, para localizar e identificar a autora das injúrias. “A empresa tem papel fundamental porque temos informações técnicas e através do chat de conversa proferiu essa intenção de praticar o crime de racismo”, diz a delegada Sabrina Leles, responsável pelo inquérito.

Elson conta que ficou chocado e entristecido. “Não consegui acreditar. Quando me contaram, fiquei me sentindo muito mal. Dói viu? Dói muito. Só agora, que estou sentindo o apoio de tantas pessoas, é que estou começando a me fortalecer e me sentir melhor”, afirma. O dono da hamburgueria explica que o estabelecimento está dando apoio a Elson. “Iremos até o fim para colocar essa racista na cadeia”, diz.

O advogado e ativista do movimento negro Éder Porfírio explica que existem dois crimes relacionados à discriminação racial: injúria racial e racismo. “A injúria é mais direcionada ao indivíduo e o racismo, à coletividade. Ambos são passíveis de pena cumprida em detenção”, esclarece. Para o crime de injúria racial, a pena é de detenção de seis meses a um ano e multa. Já para o crime de racismo, além da multa, a detenção pode durar até três anos.

Como aconteceu 

A gerente da hamburgueria, Ana Carolina, explicou que, quando o entregador chegou ao condomínio, ela pediu que a cliente liberasse a portaria. Neste momento, a pessoa mandou as mensagens racistas. “Durante uns 15 segundos, pensei que era mentira, ou algum teste com o restaurante”, afirmou. O entregador não tinha tido contado com a moradora, então Carol acredita que ela tenha ligado na portaria para perguntar se ele havia chegado e ficou sabendo sobre a cor da pele. Isso porque a casa não fica perto da entrada e não dava para ela saber as características do motoboy.

A gerente disse que o motoboy chegou à sede da empresa sem reação, tendo que fazer outras duas entregas no bairro. “Fui embora para casa chorando, conversando com o entregador para que ele relatasse ao meu irmão (proprietário da hamburgueria) o que tinha acontecido.”

O aplicativo de entregas Ifood informou por meio de nota que a usuária apontada como autora de injúrias raciais foi identificada e banida do aplicativo. A empresa disse que prestará o apoio psicológico necessário ao entregador.

Aldeia do Vale
Em nota, Sociedade dos Amigos do Aldeia do Vale (Saalva), responsável pela administração do condomínio, afirmou que vai apurar se a cliente realmente é moradora e que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. Disse que está em contato com a hamburgueria para solicitar os dados da cliente que fez o pedido e que “averigou em seus registros da noite do suposto ocorrido e não há registro de nenhuma reação discriminatória por parte de morador no momento em que a equipe da vigilância solicitou autorização para entrada de entregadores”.

O documento, assinado pelo presidente da Saalva, Sérgio Cecílio, explica que todas as ligações realizadas da portaria para os moradores são gravadas. “O residencial solicitará ao aplicativo de entrega que informe a localização exata do cliente que fez o pedido, pois seu sistema permite que o solicitante esteja em endereço diferente da entrega do pedido. A Saalva repudia qualquer ato de discriminação e racismo que ocorra dentro ou fora de seu perímetro”.

A Saalva informou ainda, em nota, que a DEIC repassou o nome da mulher registrado no aplicativo para o condomínio e que ele não consta entre a lista de moradores do local, sendo que “tudo não passou de um trote criminoso por alguém que nunca residiu aqui”. Entretanto, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que ainda não existe autoria definida do crime pois ainda não se sabe se o perfil é falso ou não.

Goiás já teve 267 denúncias de injúria racial este ano

Entre janeiro e setembro de 2020, foram registradas 267 ocorrências de injúria racial em Goiás, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO). É praticamente uma denúncia por dia. “Isso mostra o que vivemos numa sociedade que tem o racismo estrutural enraizado. Por isso, é tão importante usarmos as forças policiais e o poder Judiciário para mudar essa realidade e de um trabalho de mudança na mentalidade da população”, diz o advogado e conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), Carlos André Nunes.

A SSP-GO informou que este crime é registrado no sistema policial por meio da natureza “praticar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Assim, há uma única natureza criminal que pode corresponder a qualquer um dos crimes de intolerância existentes. Por isso, não é possível filtrar exclusivamente os casos de racismo.

Motoboys fazem protesto contra racismo em Goiânia

Um grupo com cerca de 60 motoboys realizou um protesto em frente ao condomínio Aldeia do Vale, em Goiânia, na tarde desta terça-feira (27), por conta episódio de racismo enfrentado pelo colega de profissão Elson de Oliveira, de 39 anos. Um dos manifestantes, Carlos Júnior, de 29 anos, disse que a ação foi pacífica, mas que eles foram impedidos de chegar na entrada principal do condomínio. “Viemos aqui mostrar nossa indignação com tudo isso. Esse tipo de coisa não pode acontecer”, relata o motoboy. O responsável pela segurança do Aldeia do Vale, Ivan Hermano, afirma que cerca de dez viaturas policiais estiveram no local cuidando da segurança de todos e que a manifestação foi conduzida de uma maneira que a entrada dos moradores do local não fosse impedida. “Infelizmente, tivemos um dano material causado no carro de um morador. O veículo foi chutado e teve o retrovisor e para choques quebrado”, conta. Ao POPULAR, manifestantes negaram qualquer ato agressivo.

Fonte: Jornal O Popular

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Nascida de um ideal de aproximação da família policial, revivida de esforços coletivos e abnegada dedicação, criou-se a Associação da Polícia Civil…

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