Goiânia já recebeu os primeiros integrantes da Polícia Civil e da Técnico-Científica integrantes da Força Nacional de Segurança Pública, vinculados ao governo federal, que vão atuar na investigação de crimes nas regiões Oeste e Noroeste da capital. No total serão 20 membros desta parte investigativa e outros 80 devem chegar no próximo dia 30 para a atuação mais ostensiva do programa de cooperação, que deve durar até fevereiro de 2020, podendo ser prorrogado.

Inicialmente, a previsão era que a Força Nacional chegasse ao Estado em junho. No entanto, a vinda do grupo foi adiada por questões estratégicas. Outros quatro municípios vão receber o programa na mesma época, batizado de “Em Frente Brasil”. O projeto, que é inédito, é organizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e tem como objetivo a reconstrução sociocultural de municípios e a redução de índices criminais.

Segundo o coordenador do projeto em Goiânia, o coronel da Polícia Militar de Goiás Aylon José de Oliveira Júnior, a atuação da Força Tarefa na capital vai ser diferente de como costuma ser em outros locais, já que aqui os índices criminais têm apresentado diminuição. “A Força Nacional sempre atua em locais de crise. Já em Goiânia, ela vem para dar um plus a mais, um pouco diferente”, avalia.

A possibilidade de mudar o destino dos integrantes da Força Nacional para o Entorno do Distrito Federal, que é mais violento, chegou a ser cogitada pelo secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, em entrevista à rádio CBN Goiânia. “Aqui em Goiânia, graças a Deus, a gente tem alcançado excelentes índices de redução de violência. Então para Goiânia seria um complemento, enquanto para o Entorno (do DF) faria a diferença”, disse o titular durante entrevista no início deste mês. A sugestão, no entanto, não foi acatada. “Até segunda ordem, é Goiânia”, afirma o coronel Aylon.

Goiânia é a única capital escolhida para receber o projeto. As motivações são por ser de médio porte, com problemas menos complexos que as demais, o que a tornaria mais viável para o projeto-piloto. As outras cidades são Ananindeua, no Pará; Cariacica, no Espírito Santo; Paulista, no Pernambuco; São José dos Pinhais, no Paraná. Os critérios para as escolhas, segundo o Ministério da Justiça, são os índices criminais, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a recepção do governo local.

Os focos de atuação da Força Nacional em Goiânia serão as manchas criminais (onde há mais casos de homicídio) que são 340 bairros nas regiões Oeste e Noroeste. Na área ostensiva, estes locais vão ter o apoio de 20 novas viaturas policiais.

Representante em Goiânia da Polícia Científica no Programa Nacional de Enfrentamento à Criminalidade Violenta, que é o nome composto do “Em Frente Brasil”, Ricardo Matos, explica que o foco das investigações serão os crimes violentos, como homicídio, feminicídio e latrocínio. “A Força vai focar nas organizações criminosas, diferente do que se fazia antes. Sempre a Força de Polícia Judiciária pegava casos velhos, de difícil solução pela dificuldade de reunir provas”, explica.

Social

Uma segunda etapa do programa, no ano que vem, vai atuar em áreas como a Saúde, Educação e Cultura. A atuação será baseada em uma pesquisa, em convênio com programa, em áreas que vão receber a Força Nacional, que está sendo produzida por cinco pesquisadores do Instituto Federal de Goiás (IFG).

“Vamos tratar a criminalidade não só como caso de polícia, mas de problema social. Por exemplo, a Educação, se tiver evasão escolar, a tendência é de aumentar os índices criminais naquela área. Eu falo que o crime é só final, não o começo”, sintetiza o coronel Aylon.

A Força Nacional foi criada no Governo Lula em 2004 e seria usada originalmente para casos de crises graves, quando os governantes locais precisassem de auxílio federal para conter atos que atentam contra a lei e a ordem e que podem sair do controle das forças de segurança locais.

Segundo portaria publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (22), a Polícia Judiciária e a Perícia Forense da Força Nacional já podem começar a atuar a partir de agora e nos próximos 180 dias. Já a parte da Força Nacional que atua na preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio começará a atuar a partir de 30 de agosto e nos próximos 120 dias. O prazo e quantidade de integrantes podem ser alterados.

Fonte: Jornal O Popular

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