Em mais uma reunião de negociação com presidentes de sindicatos e associações, o secretário de Governo, Ernesto Roller, propôs o pagamento dos salários atrasados referentes ao mês de dezembro de 2018 em escalonamento por cinco meses, a partir de março, por faixa salarial. A nova proposta foi apresentada durante reunião na noite desta quarta-feira (23), na sede da Secretaria da Fazenda (Sefaz).

Na semana passada, o governo havia sugerido o pagamento do valor atrasado em seis meses, também por faixa salarial. Com isso, seriam disponibilizados para esse fim cerca de R$ 130 milhões do caixa do Estado por mês. Segundo Roller, com a redução de parcelas, R$ 20 milhões a mais devem ser destinados, entre março e julho, para o pagamento da dívida do Estado com os servidores.

Em reunião na segunda-feira (21), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, os sindicatos pediram o pagamento integral de todo o valor atrasado já no próximo mês. Na sugestão, só depois de quitar dezembro, o governo iniciaria o pagamento da folha de fevereiro e dos meses seguintes. Roller disse que a equipe econômica iria avaliar a proposta e nova reunião foi marcada para hoje, quando os sindicatos foram informados que a sugestão foi recusada.

“Em fevereiro já temos menos arrecadação porque é um mês menor. Ainda sofremos os reflexos de janeiro, que também é parado por causa das férias e, com isso, tem pouca atividade econômica. Então, não existe possibilidade de pagar duas folhas”, disse o secretário. De acordo com Roller, não é possível fazer o compromisso em meses seguintes “por causa da indisponibilidade financeira do Estado”.

Ainda de acordo com o secretário, com a eventual diminuição das parcelas do escalonamento de seis para cinco, o Estado fará cortes em outros serviços, mas não detalhou quais. “Isso ainda vai ser discutido dentro do governo, mas a saúde, por exemplo, precisa ser priorizada. Por isso, cinco meses é o limite máximo que o Estado pode oferecer para não vitimar serviços que devem ser prestados ao cidadão”, disse Roller. Entretanto, o secretário disse que o governo “está aberto para diálogo”.

Manifestação

Após mais uma reunião sem acordo, os presidentes dos sindicatos devem convocar assembleias para que cada categoria tome decisão em relação a última proposta. A data para essas reuniões ocorrerem depende do regimento das instituições.

Durante a reunião de hoje, um grupo de servidores da Educação, ligados ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) e outro movimento de professores independente da instituição, ficaram dentro da Sefaz, na porta do prédio onde ocorria a reunião e pediam o pagamento do salário atrasado ou greve.

Presidente do Sintego e uma das coordenadoras do Fórum em Defesa dos Servidores e Serviços Públicos do Estado de Goiás, que tem feito as negociações com o governo, Bia de Lima afirma que o escalonamento em cinco vezes não atende aos anseios dos servidores. “Parece birra em não querer pagar dezembro. Queremos nosso salário de dezembro. Mostramos que tem recurso sim. Tem R$ 249 milhões do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Nós temos acesso. O governo não é tão transparente quanto diz”, afirmou a presidente.

Greve

Quanto à possibilidade de greve, Roller disse que o governo vê a situação com preocupação e “respeita a angústia do servidor”. “Depende do fluxo de caixa disponível. O governo sabe de suas responsabilidades, por isso este nosso esforço que pode significar redução de serviços para encobrir o buraco deixado”, disse. Governo e sindicatos não marcaram nova reunião de negociação.

Fonte: O Popular