Imagens de câmeras de segurança e o trabalho dos peritos criminais serão determinantes para a investigação sobre a colisão de veículos em que morreu a estudante Raíssa Mikaelle Rosa Bueno, de 15 anos, no sábado, dia 18, na BR-153, em Goiânia. A delegada Maira Bicalho, adjunta da Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict), afirma que estes dois itens são essenciais para a construção do inquérito. “Através da perícia vamos conseguir saber, por exemplo, se ela estava usando cinto de segurança ou não. Já as imagens irão ajudar a esclarecer dúvidas sobre a dinâmica das colisões”, esclarece.

A adolescente ia para o shopping de carona com uma amiga da mesma idade e a família desta (os pais e uma irmã de 6 anos). Eles estavam em um Toyota Hilux SW4, quando uma Mercedes-Benz C250 colidiu na traseira, fazendo a camionete capotar para fora da pista, no sentido Goiânia/Anápolis. A polícia investiga o envolvimento de um terceiro veículo no acidente. As outras quatro pessoas que estavam no carro sofreram ferimentos diversos, mas já receberam alta e estão em casa se recuperando.

A delegada explica também que aguarda o resultado do exame do módulo de velocidade e que logo deverá começar a colher os depoimentos dos envolvidos e das testemunhas. “O motorista da Mercedes-Benz deve ser o último a ser ouvido formalmente, pois assim tenho mais provas para questioná-lo. Antes dele, as pessoas que estavam no outro carro e outras testemunhas deverão prestar depoimento”, conta.

terceiro carro

O advogado Max Paulo Correia, que defende o motorista que dirigia a Mercedes-Benz, afirma que mais um carro está envolvido com o acidente. “O meu cliente me relatou que estava dirigindo normalmente quando um carro, um Jeep Renegade preto, bateu na traseira dele. Neste momento, os airbags foram acionados e ele não viu mais nada do que aconteceu”, defende.

Maira esclarece que esse veículo já foi localizado e que uma vistoria já foi solicitada. “Estamos checando essa informação. Com as imagens das câmeras de segurança da via, possivelmente conseguiremos esclarecer esse ponto”, diz. A assessoria de imprensa da Triunfo/Concebra, empresa responsável pela concessão da rodovia, informou que as câmeras naquele trecho estão sob domínio da concessionária, porém não informou se já foram encaminhadas para a Dict.

A família de Raíssa refuta a versão do motorista. “Não foi assim. Ele está querendo se eximir da culpa. A informação que recebemos é que ele estava em um bar bebendo, brigou com a namorada e então saiu correndo com o carro, bateu na traseira do carro que Raíssa estava e fez ele capotar”, enfatiza Abigair Rosa Sousa, de 58 anos, tia-avó da adolescente.

No dia da colisão, o motorista se negou a fazer o teste do etilômetro e com isso foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Aparecida de Goiânia, onde passou por exames. O laudo médico concluiu que o condutor apresentava hálito etílico. No entanto, o profissional não atestou a embriaguez. “Ele não quis fazer o teste no local, pois ficou com medo de dar positivo e isso piorar a situação naquele momento. Porém, ele não fugiu do local e está a disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. Ele está muito abalado com todo o ocorrido e me disse que só deseja que tudo seja resolvido”, explica o advogado do motorista.

A tia-avó de Raíssa contou ao POPULAR que toda a família está muito abalada com a morte da adolescente. “Os pais dela estão sem chão. A Raíssa era uma menina muito meiga, bondosa e amada. Estamos destruídos”, conta Abigair. O corpo da adolescente foi velado e sepultado neste domingo (19), em Aparecida de Goiânia.

Abigair explica que os pais de Raíssa, que têm mais duas filhas – uma de 11 anos e outra de 5, pretendem vender a casa em que moravam com a filha em um condomínio. “Eles não querem voltar lá. A irmã mais nova não para de falar dela. Tem muita saudade”, explica.

A tia-avó da adolescente também conta que ela era muito estudiosa e pretendia cursar medicina. Ela ganhou uma bolsa de estudos em um colégio particular para se preparar para entrar na universidade. Ela era a primeira da classe no colégio em que estudava”, relata.

Segundo a família, Raíssa também era muito querida pelos colegas de classe e pelos membros do time de handebol em que ela jogava. “Ela era muito tranquila. No velório foram diversos coordenadores e professores, além de muitos amigos. Ela amava muito o handebol e todo mundo do time também estava lá”, emociona-se a tia-avó.

Jorge Castilho, técnico da Força Atlética, time pelo qual Raíssa jogava, conta que ela era muito esforçada e se destacava no time. “Ela tinha muito talento para o handebol. Ano passado competiu no campeonato goiano nas categorias cadete e infantil e se saiu muito bem”, relata Castilho. Ele explica que todos os colegas de time de Raíssa estão extremamente abalados. “Ela estava indo encontrar uns amigos do time para irem ao cinema. Todo mundo está sem acreditar no que aconteceu”, afirma o técnico.

A tia-avó de Raíssa diz que tudo que a família espera nesse momento é que a justiça seja feita. “Queremos que ele pague pelo crime que cometeu e pela vida que tirou. Nós faremos de tudo para que isso não seja esquecido e para que a justiça se cumpra”, enfatiza Abigair. Se for indiciado, o motorista responderá por homicídio culposo, com pena de dois a quatro anos sem reclusão.

Foto: Divulgação O Popular

Fonte: Jornal O Popular