Idealizado por um programador de software com conhecimento de técnicas de agricultura, um laboratório de maconha automatizado foi fechado no último domingo (28), no Residencial Santa Fé, em Aparecida de Goiânia e alertou Polícia Civil para produção da skank (considerada uma supermaconha) em Goiás. O local contava com ventilação própria, sistema de umidificação, timer de temperatura, irrigação, estufa e refletor. Segundo a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), no Estado, predomina o refino de cocaína nestas estruturas. A supermaconha, por sua vez, era geralmente importada do Norte do País ou de países vizinhos.

A residência onde o laboratório funcionava era alugada e utilizada apenas para a produção da skank. A proprietária mora no exterior e após atraso nos pagamentos, solicitou que um familiar fizesse a cobrança da dívida pessoalmente. Chegando ao local, a familiar se deparou com a produção ilegal.

A polícia foi chamada e Marcos Alexandre de Almeida Gouveia foi detido e encaminhado para a Casa de Prisão Provisória (CPP) no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Segundo a Polícia Civil, ele já tinha passagens por tráfico de drogas, associação ao tráfico e porte de arma de uso restrito.

Delegado responsável pelo caso, Carlos Cesar Levergger explica que a droga produzida pelo suspeito era potencializada e vendida para consumidores de classe média de Goiânia e Aparecida de Goiânia. “Encontramos 500 porções de 10 gramas cada, sendo que cada uma era vendida por aproximadamente R$ 50. No geral, as porções são vendidas por R$ 10, no máximo R$ 20. Este laboratório potencializava em até 100% o THC, princípio ativo da maconha, aumentando a dependência e tolerância”, explica.

De acordo com as investigações, a casa foi alugada apenas para esta finalidade. O suspeito, além de programador, já trabalhou com empresas de agricultura e produção de alimentos transgênicos. Segundo a Polícia Civil, o homem também já revendeu produtos e defensivos agrícolas. “Ele morava em Aparecida, mas ia pouco ao local porque tudo funcionava de forma automatizada. Sabemos que deve haver mais gente envolvida e vamos continuar as investigações”, finaliza Levergger.

Titular da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), o delegado Fernando Augusto Gama explica que os laboratórios de skank são pouco encontrados em Goiás, e que a maioria das apreensões deste tipo é realizada em estruturas que refinam cocaína, que geralmente vem do exterior, mas precisam de processamento. “Skank é mais raro porque vem muito de outros Estados ou países. Temos número maior de casos no Norte do Brasil porque faz fronteira com Colômbia, Peru e Bolívia”, pontua.

Apesar de as polícias Civil e Militar encontrarem porções de skank durante abordagens, os laboratórios da droga são menos comuns. Em julho do ano passado, a Polícia Militar encontrou milhares de mudas da droga em duas estufas, desde estágio de germinação até ao ponto de cultivo, em Padre Bernardo, no Entorno do Distrito Federal.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Marcos Alexandre .

Apreensão de 130 kg de cocaína

Em 2019, a maior operação em laboratório foi realizada em fevereiro, quando a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) apreendeu mais de 130 kg de cocaína e 100 kg de insumos com uma quadrilha que era comanda de dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Com valor de mercado estimado em R$ 5 milhões, a droga foi apreendida em um laboratório de refino no Residencial Eli Forte, em Goiânia. <CW-15>A residência também era alugada. Na época, a Operação Laboratório identificou que grande parte da droga, oriunda da Bolívia e da Colômbia, seria comercializada no exterior. O laboratório foi encontrado após a prisão de Jederson Araújo Santos, de 27 anos. Ele foi detido transportando tabletes da droga estimados em R$ 50 mil. Ele já tinha passagens pelos crimes de furto, porte ilegal de arma e roubo qualificado. Foi indiciado por tráfico de drogas, além de porte e posse ilegal de arma de fogo.

Fonte/foto: https://www.opopular.com.br/noticias/cidades/laborat%C3%B3rio-de-supermaconha-em-aparecida-de-goi%C3%A2nia-tinha-estrutura-sofisticada-1.1787198