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UGOPOCI

UNIÃO GOIANA DOS POLICIAIS CIVIS

‘Não existe operação engavetada no nosso governo’

Ao afirmar que ainda deve existir corrupção no governo estadual, o governador Ronaldo Caiado (DEM) disse que não há diferença no tratamento de investigações contra a gestão anterior e a dele e que sua administração não vai “apadrinhar bandido”. Ao comentar mudanças na Delegacia de Combate à Corrupção, o governador afirmou que haverá outras operações e que nada deixou de ser apurado. “Não existe operação engavetada no nosso governo”, diz. Caiado falou ainda dos elogios ao presidente Jair Bolsonaro, da pandemia, da falta de transparência nos dados da segurança pública e da eleição em Goiânia.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que é seu aliado e amigo, lançou um livro falando de bastidores do combate à Covid-19 no País e da posição negacionista do presidente Jair Bolsonaro desde o início, com resistência a algumas medidas que inclusive poderiam ter evitado as 140 mil mortes. O senhor marcou uma posição divergente do presidente no início, mas depois se reaproximou dele e faz intensos elogios. Isso não reforça a narrativa do presidente, inclusive que ele citou na semana passada na reunião da ONU, de que a culpa é dos governadores e dos prefeitos?

A minha função como único governador do País médico é salvar vidas. Conseguimos o que nenhum outro Estado fez, regionalizamos a saúde, alongamos o prazo do maior volume de contaminação. O importante é sabermos o resultado final. Goiás não teve colapso, passou a ter estrutura nas regiões e, na fase pior da pandemia, tivemos 90% da ocupação dos leitos. Jamais faltou UTI. Usamos critérios baseados na nossa formação médica, na epidemiologia e na evolução do vírus. E criamos uma Secretaria da Retomada. Goiás está em primeiro lugar do País em abertura de empresas e em produção agroindustrial. Isso mostra que fizemos a tarefa de casa corretamente. Adotamos ações concretas, medidas drásticas, e estamos colhendo resultados. Agora, em relação ao depoimento do ex-ministro, pelo qual tenho um carinho enorme, e o depoimento do presidente, que tem suas prerrogativas, essas posições serão 100% avaliadas pelo eleitor e pelo cidadão.

Mas por que mudou de posição? Havia feito uma crítica dura ao presidente e depois passou a elogiá-lo. Ficou com receio de perda de popularidade ou receio de perder ajuda do governo federal? O que mudou?

Por um motivo muito claro. Mesmo com a nossa posição de divergência sobre isolamento social, ele não deixou hora alguma de repassar verba para a saúde, educação, dando condições para que eu pudesse regionalizar a saúde. Isso foi compreendido por ele, então sou grato. Além disso, todos os governadores sabemos que, se não fosse o repasse de R$ 600 do auxílio emergencial, todos os Estados teriam entrado numa crise social muito grave. Em Goiás, foram injetados mais de R$ 1,2 bilhão. E mais a bolsa alimentar para os estudantes, com o apoio dado à verba na educação, e também na segurança pública. Um fato é a avaliação do isolamento e outro é a continuidade da gestão. Nunca os Estados, e eu fui parlamentar durante seis mandatos, viram tanto repasse de verba parlamentar quanto no governo Bolsonaro. Quando se tinha emenda de R$ 1 milhão, era algo pra ficar extremamente alegre e se achar competente. O governo Bolsonaro repassa a deputados e senadores R$ 20 milhões, R$ 30 milhões, R$ 50 milhões. Fez uma distribuição no País que nunca se viu antes.

Isso não é previsão do Orçamento Impositivo, uma exigência legal?

Não é só. Existem vários mecanismos para atender o Orçamento Impositivo. É possível deixar que esse dinheiro seja repassado no último dia do ano. No entanto, nem ele e nem eu fazemos isso. Isso é uma mudança. Eu ganhei o hospital em Águas Lindas, o único de campanha modulado, feito pelo governo federal. O volume de recursos fez com que eu pudesse aparelhar o Estado. Se existe um discordância sobre o isolamento social, isso não é motivo para se ter uma ruptura do ponto de vista de governabilidade. Não existe nenhuma estranheza em relação a isso.

O sr. já defendeu a não reabertura das escolas, mas tem havido ações na Justiça para permitir o funcionamento. Se isso ocorrer em grande volume, qual será a posição do Estado?

Trata-se de saúde pública. E temos de debater com a noção macro do problema. Em Goiás, mais de 80% da população quer reabertura só no ano que vem. É um sentimento. A ampla maioria não quer retorno de imediato. Porque não se deve tratar apenas a criança em si, mas ela no conceito da comunidade. A criança tem mais resistência a complicações, mas o poder de contaminação é bem maior. Estaríamos lidando com professores, com um porcentual relativamente grande dentro de faixa de risco, com familiares em casa. Isso representa risco de ampliar a contaminação. Estamos avançando em vacinas. Por que não alongarmos mais para retornarmos com mais tranquilidade? Não posso deixar que a gente avance muito em retorno de eventos, retorno das aulas se não tivermos um sinal de declínio da curva de contaminação.

No domingo, o Fantástico fez uma matéria sobre baixo índice de esclarecimentos de homicídios no País e Goiás está entre os Estados que não repassaram dados completos. Além disso, desde o início do seu governo, não são divulgados dados sobre mortes em supostos confrontos com a polícia. Essa é uma decisão política do governo? Por que o Estado não abre todas as informações se o sr. prometeu transparência em seu governo?

Todos os casos são muito bem identificados, publicados, todo mundo tem conhecimento das situações em que a polícia tem enfrentado a criminalidade. Temos uma posição de primeiro lugar em segurança pública no País. Os dados de policiais e de criminosos atingidos são de conhecimento da população.

Não são. O Estado de Goiás é o único que não divulga.

Talvez seja dentro de uma outra metodologia que você cobra. Esse é um assunto que acredito que não tem por que (não divulgar). Se todo fato que ocorre a população toma conhecimento. Agora se outra metodologia deve ser transferida para o conhecimento da população, não tem por que a Secretaria de Segurança Pública não repassar isso à população.

Mas a SSP diz que os dados são sigilosos por uma portaria do próprio Estado. O sr. não pode pedir então ao secretário para que esses dados sejam divulgados amplamente como acontece no País inteiro e como as leis da Transparência e de Acesso à Informação determinam?

É importante explicar que eu nunca baixei esse decreto.

Ele é de antes, mas é usado pelo seu governo.

É um decreto que havia anteriormente. A base de dados está sendo implantada pela atual secretaria e ela vai apresentar todas essas informações. Eu não vejo nenhuma dificuldade em relação a isso. Eu tenho de agradecer e muito às minhas polícias pelos resultados na segurança. Tenho o primeiro lugar no Ideb, na segurança pública, na saúde, com maior nível de atendimentos – segundo dados federais de 2019. Com toda a dificuldade fiscal e da pandemia, nós seremos o primeiro Estado a sair da crise.

Em novembro do ano passado, o sr. participou do lançamento do Grupo Especial de Combate à Corrupção, que virou Delegacia de Combate à Corrupção. Naquela ocasião, alguns delegados relataram as dificuldades de investigações em governos anteriores, que eram trocados de delegacias quando avançavam em apurações. O sr. disse no discurso que isso não aconteceria em seu governo e que todo mundo veria que ‘pau que dá em Chico também dá em Francisco”. Tivemos a troca recente do titular da Deccor, quando ele tinha obtido autorização judicial para mandados de busca e apreensão em dois órgãos do governo, investigando a atual gestão – na Seduc e no Detran. Isso sinaliza que não necessariamente pau que dá em Chico dá em Francisco?

Eu só quero resgatar sua memória. Não são dois. São vários. São várias operações no Detran, na Secretaria da Economia, na Saneago, SSP, Secretaria de Educação. Todas elas ocorreram. Alguma não ocorreu?

Eu falo das duas autorizadas recentemente pela Justiça que não ocorreram e o delegado não conseguiu dar continuidade porque foi trocado.

Como? As operações todas aconteceram (da Seduc ocorreu após a troca do titular e do Detran ainda não havia sido cumprida até ontem). E ainda tem mais ainda, é porque eu não posso falar. Ainda tem mais operações dentro do governo.

O sr. sabe antes das operações que a Polícia Civil vai deflagrar?

Não é questão de saber antes, mas todas essas ações são interligadas a outras. Como, por exemplo no Detran, isso é uma cadeia de ações que estão fazendo. Todas elas são interligadas. A própria mídia está dizendo das ações continuadas que estamos fazendo. Isso não tem dificuldade alguma. Todas vão acontecer tranquilamente.

Incluindo contra a sua gestão?

Dentro da estrutura do Estado. São 20 anos. Você acha que vamos dar conta de corrigir algo que durante 20 anos o Estado foi 100% assaltado? Fiquem tranquilos. Eu tenho dito a todos e reafirmo: aqui ninguém vai ficar apadrinhando bandido. Ninguém vai ficar apadrinhando quem está tirando dinheiro público. Quantas operações deverão existir dentro do governo, elas vão existir. Isso não é nenhum demérito. Isso não depõe contra o Estado. O Estado está aberto. Se tem denúncia, traga, coloque, faça a prisão, faça o que precisar. Você deve estar confundindo com as operações anteriores que nunca andavam. Elas eram engavetadas. Não existe operação engavetada no nosso governo. Eu disse e repito, pau que dá em Chico dá em Francisco. Não tem proteção de governo para praticar crimes. E o povo goiano já sentiu isso.

Mas por que houve a troca do delegado?

Uai, mas vem cá, eu não conheço nenhuma estrutura que tenha essa obrigatoriedade. Isso é uma ação da Polícia, do secretário de Segurança Pública. Não cabe a mim intervir ou ficar decidindo quem é delegado em um lugar ou outro. Essa não é minha postura e jamais vai ser. Isso é porque não se acha nada dentro do Estado. Eu tenho humildade de dizer: deve se ter corrupção ainda dentro da estrutura do Estado? Deve, deve. Infelizmente, ainda acontece. Só que por parte do governador e do governo, quando identificado, essas pessoas serão duramente punidas. Não vamos fazer concessão a bandalheira, a roubo, a corrupção, ao crime. O delegado que veio lá da minha cidade para assumir (Pedro Caires, novo titular da Deccor) não tem o mesmo mérito e a mesma competência para assumir essa delegacia? Isso é um juízo de valor que não tem motivo para ser feito. Quantas vezes a PM trocou comando de várias regiões? Teve um policial denunciado, na mesma hora a Ouvidoria da PM levaram adiante e afastaram o coronel. Teve um policial civil também denunciado. Eu entendo, eles estão tão sem matéria para criticar o governo que tentam criar factóides.

Sobre a disputa eleitoral em Goiânia, o sr. vai receber o candidato do MDB, Maguito Vilela? E vai defender que o candidato que apoia, Vanderlan Cardoso, não faça ataques ao prefeito Iris Rezende na campanha?

Maguito me solicitou uma audiência, se não me engano, na sexta-feira à tarde e coincidiu com meu aniversário, e não tinha sentido fazer audiência de curto tempo com um candidato à Prefeitura de Goiânia. A minha assessoria está marcando com a dele e vou recebê-lo tranquilamente. Em relação a Iris Rezende, tenho carinho especial e admiração por ele, de longa data. É um homem de espírito público, apaixonado por Goiânia, conhece tudo de Goiânia, ele tem a cidade na cabeça. Ele é quase unanimidade nesse sentimento da população de ter sempre um homem que protegeu e cuidou da cidade. Em relação ao Vanderlan, eu tive a humildade… Acho que o que acaba com muitos políticos é a vaidade. Todos os dias nas minhas orações cedo eu piso na vaidade, antes de sair de casa. É o pior dos pecados. Eu tive a humildade de não impor candidaturas. Existe a máxima de que o partido do governador tem de ser universal no Estado. Na minha própria cidade (Anápolis), eu apoio um candidato do PP (prefeito Roberto Naves). Em Goiânia e em Aparecida, do PSD. Isso mostra a maneira como faço a política. Reuni presidentes de partidos, fizemos pesquisas, tem um nível de diálogo. Nunca impus que seria do meu partido. Buscamos alternativas para convergir todo mundo. O candidato que tem livre trânsito com o governo federal, com os ministros, é o Vanderlan. Tem uma visão de Executivo forte e tem base de apoio grande daqueles que me apoiaram. Então esta é a nossa posição. Eu não terei pé em duas canoas. Quero manter essa coerência na vida pública.

Foto: Fábio Lima

Fonte: Jornal O Popular



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