Médica e agora coronel da Polícia Militar de Goiás (PMGO), Mara Sandra Naves do Amaral é uma mulher de sorriso aberto. Ainda surpresa com a repercussão de sua promoção na carreira militar, ela diz que nunca imaginou que isso pudesse ocorrer e sorriu muito quando falou ao POPULAR no intervalo entre o consultório privado e suas funções junto à corporação. “É fantástico. Estou muito feliz por ser promovida e reconhecida por isso, não apenas por ser mulher, mas também pelo meu trabalho como médica.”
Ela já inscreveu seu nome num cenário pioneiro. Mara Sandra é a primeira médica a chegar à patente de coronel na PMGO. A notícia de sua promoção foi muito festejada nas redes sociais e em seu círculo pessoal e profissional. Ela reconhece seu papel desbravador e torce para que num futuro próximo outras integrantes dos quadros de saúde da corporação atinjam o patamar, o último degrau que o oficial pode alcançar. “É uma conquista não somente para mim, mas para todas as mulheres. Tenho consciência da sociedade machista em que vivemos.”
A agora coronel da PM chegou ao posto após 30 anos de serviços. Mesmo com tempo suficiente para se aposentar, decidiu permanecer na ativa, segundo ela “por ser aliada do atual governo e atendendo apelos do hoje comandante geral, Renato Brum, e do governador Ronaldo Caiado”. “Eles me pediram para continuar me dedicando ao Hospital da Polícia Militar (HPM) e levar novas ideias”, conta. Hoje, a médica é diretora técnica e chefe dos serviços médicos da unidade, diretora técnica e curadora da Fundação Tiradentes, instituição que presta assistência ao efetivo da PMGO e a seus familiares.
A promoção ocorreu por mérito. “Temos uma carreira militar e, dependendo da patente pode ser por tempo ou merecimento. Neste momento eu era a primeira da fila.” Ela ressalta que para chegar a coronel é preciso ter o merecimento aprovado por todos da instituição e pelo governador. Mara Sandra lembra que há outras mulheres que vêm ocupando espaço no oficialato da PMGO, “mas, sem dúvida, ainda não somos a maioria.”
Ela reconhece que a PMGO é vista como uma instituição machista, mas, pessoalmente, nunca sentiu nenhum obstáculo. “Em nossa sociedade a mulher ganha menos e não é valorizada, mas em 30 anos dentro da corporação não posso dizer que isso ocorreu. Lógico que não sou a maioria, que passa por essa situação. Sempre fui muito respeitada, talvez por atender mulheres e filhas de oficiais por ser médica ginecologista e obstetra.”
Mara Sandra é a quarta mulher na ativa a receber a patente de coronel na PMGO. “Estou chamando a atenção por ser médica militar na ativa. Provavelmente virão outras, mas não muitas nos próximos anos, porque a maioria é homem que me segue na fila de promoções”, diz.
Fonte: Jornal O Popular