A pandemia de Covid-19 desnudou as mazelas da vida brasileira. Em momentos como este, em que se espera dos homens públicos seriedade, nos deparamos com o oportunismo de parlamentares que buscam obter vantagens políticas, diante das dificuldades de alguns segmentos sociais.

Desde março, quando o CEE-GO baixou resolução instituindo as aulas não presenciais mediadas pela tecnologia ou aulas remotas, as escolas privadas se adequaram à nova realidade. Professores se reinventaram, superando os desafios tecnológicos para que crianças e alunos não ficassem privados do seu direito de estudar. As medidas, longe de serem as ideais, constituem na única forma de educação em tempos de distanciamento social e cuidado com a vida!

As escolas privadas, por lei apresentam anualmente ao Procon, órgão de defesa do consumidor, planilha de custos justificando os valores para o ano seguinte e ainda dão descontos, buscando fidelizar seus clientes. Existe uma visão equivocada de que na pandemia as despesas escolares diminuíram.

Na verdade, as principais despesas em uma empresa, são a folha de pagamento e os encargos. Na pandemia, a dinâmica do trabalho mudou de lugar, não parou, muito menos diminuiu! Ao contrário, contrataram mais serviços, profissionais de TIs e plataformas digitais.

O cenário de evasão e inadimplência é assustador. Saiu no POPULAR de 11 de agosto: até julho passado, houve um aumento de 46,6% no número de instituições de Educação Infantil que encerraram suas atividades, em relação a 2019. Em dezembro, será ainda maior. Hoje, Goiânia possui 526 escolas de Educação Infantil, mais de 80% delas são pequenas, sofrendo com o fim dos contratos pelos pais e estão sem condições de continuar funcionando. Em 2021, a precarização será maior, já que hoje, a rede privada acolhe 60% das crianças da faixa etária de 0 a 6 anos da capital e em prega mais de 14 mil professores.

No Brasil a maior dificuldade das crianças e alunos é o acesso à internet. Nossos parlamentares têm a obrigação de pensar políticas que resolvam este problema, assim como fez o governo argentino, que determinou o congelamento até o fim do ano, das tarifas de celular, internet e TV a cabo. Aqui esta medida beneficiaria milhares de estudantes, que hoje estão fora das salas de aula, por não terem acesso à internet.

Ricardo Antunes, em Coronavírus: O trabalho sob o fogo cruzado, diz que o pequeno empresário, refém do Estado e do mercado, é burguês-de-si-mesmo e proletário-de-si-próprio. Não é demais dizer, vítima do quanto pior, melhor!

Fonte: Opinião/Jornal O Popular

Autora: Geralda Ferraz – Policial Civil e Associada da União Goiana dos Policiais Civis – UGOPOCI