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Morta a base, viva o PMDB! - 23/01/2008

Tribuna do Planalto - 20 a 26 de janeiro de 2008

por Vassil Oliveira

Mas o maior problema na base aliada hoje não é este. É o andar de cima negar, sem razão aparente, uma crise que tonteia o andar de baixo, que corre por todos lados para salvar a pele antes que seja tarde. A não ser que tudo não passe de um calculado movimento de auto-destruição consciente.

O tempo perdido com a negação do inegável é tempo ganho pelo adversário, o PMDB, que trata de vender a idéia de volta inevitável do partido ao poder em 2010. Só assim para se entender por que tem governista pregando o fim dos tempos como se anunciasse a boa-nova.

O raciocínio dos soldados rasos da base, aqueles que não dividem a mesa nem com Alcides nem com Marconi - só cumprem ordens e se beneficiam do poder emanado deles -, é este: com os dois juntos, a base é imbatível; com eles separados, vira presa fácil. Como a unidade está perdida, estão todos perdidos. Então, cada um que cuide de sua alma.

E a tese marconista de que "os adversários de hoje podem ser os aliados de amanhã", ou vice-versa, mais tonteou os já estonteados aliados do que lhes meteu medo. Muitos ouviram, entenderam o recado e agora estão irritados e desesperados. A cúpula joga? Então a ralé também tem de fazer seu jogo. Fogo cruzado.

Veja isto. Embora historicamente Arena (espelhada no PP e no DEM) e MDB sempre tenham sido como água e óleo, por um tempo se misturaram. E disso estão fazendo questão de lembrar os peemedebistas, voltando os olhos para o segundo governo Iris, quando o atual PP e o PMDB estiveram um tempo de mãos dadas. Poderiam igualmente puxar pela memória 2004, quando, no segundo turno, o PFL, atual DEM, do deputado federal Ronaldo Caiado e do senador Demóstenes Torres, ficou com Iris.

Possibilidade de mistura é o que não se vê entre tucanos e peemedebistas. O que há é mágoa, muita mágoa, por mais que se queira dizer o contrário. Difícil imaginar, por isso, PMDB e PSDB juntos. Iris e Marconi não cabem em uma mesma urna. Pai, Filho e Espírito Santo, só na Santíssima Trindade.

Isso tudo quer dizer principalmente que, se não dá pra confiar em ninguém, os inimigos estão definidos, é só olhar sem ilusão. E que é em meio a esse cenário que o medo e o senso de oportunidade delineiam as novas alianças e os novos conchavos. Naturalmente prevalecem sempre os objetivos e interesses cada vez mais pessoais, na base do cada um por si, como destacado aqui semana passada.

O futuro político goiano ficará centrado na armação deste jogo, e não no tradicional time A contra time B. Porque, em essência, é reinício de campeonato e time A e time B estão em formação, com negociações de jogadores e estudos de jogadas estratégicas em aberto.
Daí que a base aliada, ao simplesmente brigar para dentro, fragiliza-se a tal ponto que amedronta os seus e encoraja os outros. E a não ser que Alcides queira isso mesmo, convicto de que seu maior adversário não é Iris, e sim Marconi (e não é?), tudo é nada. Em querendo, a base importa menos (só a anti-marconista); importa mais a História de seu governo. Morta a base inimiga? Vida longa a quem vier! Rei morto, rei posto. A estratégia. Calculada.


A ver: muito ajuda Alcides a “geniosidade”, não “genialidade”, de Marconi, que muito bem joga... contra si próprio.