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O perfil do Bolsa Família - 04/07/2008

O perfil dos titulares:

A maioria dos(as) titulares do PBF é de mulheres (94%) – a titularidade do cartão é concedida preferencialmente às mulheres.

27% dos(as) titulares são mães solteiras.

A maior parte das mulheres titulares (85%) têm entre 15 e 49 anos.

A maior parte dos(as) titulares são pretos ou pardos (64%).

78% das famílias residem em área urbana enquanto 22% em áreas rurais. A maior concentração de famílias rurais beneficiadas pelo PBF está na Região Nordeste (50%).

81% dos titulares sabem ler e escrever, sendo que 56% estudaram até o ensino fundamental.

Na questão do  uso dos recursos, a pesquisa não dá margem a dúvidas.

1. Alimentação – 87% (no Nordeste chega a 91% enquanto no Sul a 73%);

2. Material escolar – 46% (no Norte chega a 63,5% enquanto no Nordeste a 40%);

3. Vestuário – 37%;

4. Remédios – 22%;

5. Gás – 10%;

6. Luz – 6%;

7. Tratamento médico – 2%;

8. Água – 1%;

9. Outras opções – menos de 1%.

Em média, as famílias beneficiadas gastam R$ 200,00 mensais com alimentação, o que representa 56% da renda familiar total.

Uma conclusão muito importante da pesquisa é em relação à mudança dos hábitos alimentares. Houve aumento do consumo de alimentos com maior densidade  calórica e menor valor nutritivo – como açúcar e massas. O resultado foi um aumento da obesidade e alguns tipos de doenças associadas a alta densidade energética.

Um ponto da pesquisa, talvez não tão relevante do ponto de vista sócio-econômico, mas comovente, mesmo ante a frieza dos números, é a constatação de que 63% dos beneficiados conseguiram aumentar a quantidade de alimentos “que as crianças gostam”. 74% passaram a comer mais; 70% a variar mais o cardápio.

O trabalho constatou a enorme importância da merenda escolar. Nas famílias que vivem em áreas urbanas e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Trata-se de um programa social menos falado, mas de fundamental importância. 84% dos beneficiários do PBF, que freqüentam escolas ou creches, recebem merenda gratuita – o benefício é para toda a família. 20,8% das famílias beneficiadas pelo PBF plantam algum tipo de alimento ou criam animais para alimentação. Mas não têm acesso a nenhuma forma de assistência técnica.

Os dados sobre saúde são assustadores.

         38,5% das famílias beneficiadas possuem, pelo menos, uma pessoa com problema crônico de saúde.

         36,8% das famílias já tiveram diagnosticada entres seus membros anemia; 31,4% hipertensão; 16,0% desnutrição infantil; 8,4 % deficiência de vitamina A; e 7,4% obesidade.

         Apenas 42,6% têm acesso à rede de esgotos.

Em relação à acusação de “vagabundagem”, 99,5% responderam que não; parcela estatisticamente insignificante dos(as) titulares do cartão Bolsa Família dizem que deixaram de exercer algum trabalho remunerado por causa do benefício.

Os excluídos

O trabalho constatou quais as condições que tornam as famílias mais vulneráveis ao IA grave:

         famílias em que os titulares são pretos e pardos;

         famílias em que os titulares não têm trabalho formal;

         famílias em que os titulares não sabem ler e escrever;

         famílias rurais;

         famílias que não têm acesso a saneamento básico

O fantasma da fome

O fantasma da fome não foi afastado: 21% (2,3 milhões de famílias) continuam passando fome; outros 34% (3,4 milhões) são obrigados a restringir a quantidade de comida. Os dados gerais mostram 7,4 milhões de beneficiários plenamente alimentados; 12,5 milhões com Insuficiência Alimentar (IA) leve; 18,3 milhões com IA moderada e 11,5 milhões com IA grave. É muita coisa. Fonte: Blog do Luis Nassif.com.br