O perfil dos titulares:
A maioria dos(as) titulares do PBF é de mulheres (94%) – a titularidade do cartão é concedida preferencialmente às mulheres.
27% dos(as) titulares são mães solteiras.
A maior parte das mulheres titulares (85%) têm entre 15 e 49 anos.
A maior parte dos(as) titulares são pretos ou pardos (64%).
78% das famílias residem em área urbana enquanto 22% em áreas rurais. A maior concentração de famílias rurais beneficiadas pelo PBF está na Região Nordeste (50%).
81% dos titulares sabem ler e escrever, sendo que 56% estudaram até o ensino fundamental.
Na questão do uso dos recursos, a pesquisa não dá margem a dúvidas.
1. Alimentação – 87% (no Nordeste chega a 91% enquanto no Sul a 73%);
2. Material escolar – 46% (no Norte chega a 63,5% enquanto no Nordeste a 40%);
3. Vestuário – 37%;
4. Remédios – 22%;
5. Gás – 10%;
6. Luz – 6%;
7. Tratamento médico – 2%;
8. Água – 1%;
9. Outras opções – menos de 1%.
Em média, as famílias beneficiadas gastam R$ 200,00 mensais com alimentação, o que representa 56% da renda familiar total.
Uma conclusão muito importante da pesquisa é em relação à mudança dos hábitos alimentares. Houve aumento do consumo de alimentos com maior densidade calórica e menor valor nutritivo – como açúcar e massas. O resultado foi um aumento da obesidade e alguns tipos de doenças associadas a alta densidade energética.
Um ponto da pesquisa, talvez não tão relevante do ponto de vista sócio-econômico, mas comovente, mesmo ante a frieza dos números, é a constatação de que 63% dos beneficiados conseguiram aumentar a quantidade de alimentos “que as crianças gostam”. 74% passaram a comer mais; 70% a variar mais o cardápio.
O trabalho constatou a enorme importância da merenda escolar. Nas famílias que vivem em áreas urbanas e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Trata-se de um programa social menos falado, mas de fundamental importância. 84% dos beneficiários do PBF, que freqüentam escolas ou creches, recebem merenda gratuita – o benefício é para toda a família. 20,8% das famílias beneficiadas pelo PBF plantam algum tipo de alimento ou criam animais para alimentação. Mas não têm acesso a nenhuma forma de assistência técnica.
Os dados sobre saúde são assustadores.
38,5% das famílias beneficiadas possuem, pelo menos, uma pessoa com problema crônico de saúde.
36,8% das famílias já tiveram diagnosticada entres seus membros anemia; 31,4% hipertensão; 16,0% desnutrição infantil; 8,4 % deficiência de vitamina A; e 7,4% obesidade.
Apenas 42,6% têm acesso à rede de esgotos.
Em relação à acusação de “vagabundagem”, 99,5% responderam que não; parcela estatisticamente insignificante dos(as) titulares do cartão Bolsa Família dizem que deixaram de exercer algum trabalho remunerado por causa do benefício.
O trabalho constatou quais as condições que tornam as famílias mais vulneráveis ao IA grave:
famílias em que os titulares são pretos e pardos;
famílias em que os titulares não têm trabalho formal;
famílias em que os titulares não sabem ler e escrever;
famílias rurais;
famílias que não têm acesso a saneamento básico
O fantasma da fome não foi afastado: 21% (2,3 milhões de famílias) continuam passando fome; outros 34% (3,4 milhões) são obrigados a restringir a quantidade de comida. Os dados gerais mostram 7,4 milhões de beneficiários plenamente alimentados; 12,5 milhões com Insuficiência Alimentar (IA) leve; 18,3 milhões com IA moderada e 11,5 milhões com IA grave. É muita coisa. Fonte: Blog do Luis Nassif.com.br