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Basta bom senso - 15/01/2007

 

 

A impressão generalizada, de especialistas ao senso comum, é que para consertar o Brasil é necessário um plano muito bem feito, vontade política extraordinária e liderança com grande determinação. 

Enfim, um milagre cuja inexistência nos condena à inviabilidade.

Qual o que! Na semana passada duas notícias de jornal, dessas bem ordinárias, demonstraram que basta fazer a coisa certa. No Rio, o novo diretor do hospital Getúlio Vargas, Carlos Alberto Chaves, denunciou à polícia que foi ameaçado de morte porque resolveu enquadrar funcionários fantasmas.

Chaves não tentou aplicar nenhum plano espetacular nem trouxe qualquer novidade administrativa para sua gestão. Não. Resolveu apenas fazer o óbvio: exigiu que quem estivesse empregado aparecesse para trabalhar.

Trezentas pessoas que não iam, lotaram no dia seguinte as dependências do hospital. Outra medida feijão com arroz: a partir de agora não há mais diferença entre médicos da emergência e da internação no HGV carioca. Apareceu serviço, qualquer um que tem que cumpri-lo.

Brilhante? Inovador? Ousado? Nada. Show de rotina. 

Se a resposta a essas providências primárias é um escândalo, com ameaça de morte e polícia na jogada, imagine-se o que não aconteceria se o diretor fosse um revolucionário, estabelecesse rigorosas metas de produtividade e resolvesse cortar custos!

A outra medida incrível partiu do governador de Brasília, José Roberto Arruda, que resolveu devolver 459 carros alugados – mais da metade da frota que serve o governo – e economizar R$ 17 milhões, dinheiro que está faltando para cobrir déficit e investir.

Está provado. Não é preciso ser economista, gênio ou estadista para combater a corrupção, respeitar a ética e corrigir o que está errado. Basta proceder como uma dona de casa comum, que não gasta mais do que ganha, respeita as leis e não admite bandalheira.

Se as autoridades também agissem assim, como algumas parecem estar agindo, já seria um gigantesco passo em direção um novo país. Fonte:www.oglobo.com.br

* José Negreiros  é jornalista e articulista