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Opinião - 23/11/2008

Diário da Manhã - Opinião - Dia 23/11/2008

Aristóteles Sakai de Freitas*

A crônica policial informa o número cada vez mais crescente de moças solteiras envolvidas em relacionamentos com homens casados. Histórias perigosas que quase sempre terminam numa página da coluna policial. Essas moças partem para tais aventuras como pássaros mergulhando em vôo cego e terminam ciscando o lixo da desventura depois que o escândalo já se tornou inevitável. Foi o que aconteceu com a nutricionista Fernanda Cunha, pivô da separação de Marcelo Silva e Susana Vieira. Sem repisar os detalhes dessa história decantada em programas de auditório em rede nacional, registramos aqui o equívoco da moça ao acreditar que apenas namorava um homem casado, quando na verdade protagonizava o papel da outra em mais um caso de adultério, mentiras e hipocrisia.

Nos incontáveis adultérios em curso País afora, a primeira grande vítima dessa aventura insana é a família brasileira, enquanto instituição, pela violação de sua intimidade por uma pessoa estranha que atenta contra sua estabilidade. O parceiro infiel, seja o homem ou a mulher, quase sempre movido pelo instinto animal e volúpia, torna-se indigno do aconchego e respeito da família. O cônjuge traído, ao refazer-se do duro golpe, terá que optar entre o fim do casamento ou a tentativa de um recomeço. Os filhos são as maiores vítimas, pois, sem qualquer contribuição para o trágico desenlace, levarão consigo as maiores feridas emocionais.

Cabe aqui indagarmos por que, cada vez mais, a família brasileira tem sido tomada de assalto por traições dessa natureza. A quebra de princípios é a primeira causa da falência da instituição familiar; o casamento é uma aliança e compromissos precisam ser honrados, sob pena de perder-se a confiança; o casamento é uma relação fiduciária, acabou a confiança, acabou o matrimônio. A segunda causa da falência da família é a base ou alicerce sob o qual o casamento é edificado. Fruto de relacionamentos iniciados até em botecos, os casamentos em geral são fundamentados em paixões, e não propriamente no amor, daí a sua pouca resistência à intervenção de terceiros, notadamente, quando o assunto é sexo.

De nada adianta lavar o porco sem arrancar as taboas do chiqueiro. Não existe ainda vacina para o adultério e nenhuma mudança haverá se não forem removidas as estacas da insensibilidade e egoísmo das pessoas envolvidas. Nada justifica dizer que a amante de um homem casado está sofrendo porque se apaixonara por ele, quando os filhos do casal envolvido lotam os consultórios psiquiátricos para infindáveis terapias, em busca do resgate de sua auto-estima. Não é razoável defender um relacionamento clandestino em detrimento de toda uma família. O mais interessante é que, quando tudo dá errado e o romance vira pesadelo, a intrometida volta para buscar refúgio exatamente na família, família esta que ela não teve o escrúpulo de destruir com sua irresponsável aventura.

Quando denunciou seu agressor na Delegacia de Atendimento à Mulher de Goiânia-Deam-GO, Fernanda Cunha fez o que toda mulher deve fazer quando agredida. Sua recente decisão, que martiriza seus pais e afronta o senso comum, em nada altera o curso do inquérito policial já instaurado, pois a lei prevê a retratação da vítima somente em juízo. Contudo, fica o alerta às moças de fino trato: homem casado não é namorado, é caso de polícia.

* Aristóteles Sakai de Freitas é delegado de polícia plantonista da Deam-GO.