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REPOSIÇÃO SALARIAL: BOLSA-CANA! - 06/03/2011

    Sem que o governo demonstre qualquer tipo de preocupação objetivando analisar e repor de fato as perdas salariais, os policiais começam a amargar uma defasagem enorme em sua remuneração.
   
    A defasagem salarial dos policiais durante esses anos, ao contrário do que o governo anuncia e os indicadores econômicos inflacionários alardeiam, é bem diferente dos 14% anuais que são divulgados.
   
    Se somarmos somente esses 14% médios durante cinco anos, teremos 70% de inflação ao longo do período. Desses 14% médios por ano, o governo concedeu como reposição salarial anual aos policiais uma média de 5%. Portanto, pegando-se somente os valores oficiais governamentais, os salários dos policiais estão defasados em 45% nesses últimos cinco anos.
   
    Entretanto, o único “índice econômico” realmente confiável para estipular perdas salarias no Brasil é o índice aplicado aos reajustes dos salários de deputados, juízes, promotores, procuradores, desembargadores, ministros, senadores, etc. Esse índice espelha, sem qualquer dúvida, as reais perdas a que ficaram sujeitos os salários dos policiais ao longo desse tempo.
   
    Nesse mesmo período de cinco anos, os salários desses cargos passaram de dez mil reais para mais de vinte e cinco mil reais. Os salários desses cargos foram reajustados em quase 150 %, no mesmo período em que os salários dos policiais sofreram as perdas inflacionárias de 45%. Ou seja, o poder de compra dos salários dos policiais retrocedeu, em vez de pelo menos acompanhar a inflação.
   
    Nada contra os razoáveis salários da nata jurídica e política nacional. Entendemos que quanto maior a responsabilidade, maior deve ser a remuneração do servidor. Quanto maior a importância das atividades que desempenham, maior deve ser a remuneração.
   
    O problema é que esse índice é privativíssimo, somente aplicado a alguns cargos do Serviço Público. Nunca, jamais, esse índice foi aplicado de forma igualitária aos salários dos policiais. Os policiais, para a raia graúda, devem seguir a linha geral. A questão está ligada ao valor dado à atividade policial.
   
    O governo vai dizer: “vocês estão ganhando muito bem”, como sempre afirma. “Olhem para baixo e vejam os salários dos demais servidores, dos demais brasileiros”, dirá mais uma vez! Afinal, continuará dizendo, o "papel constitucional" das polícias é nos proteger da raia ignara, nos manter equidistantes da possibilidade de um dia podermos nos igualar a ela.
   
    Mas, os policiais querem olhar para cima, e não para onde a aristocracia oligárquica manda, eternamente!
   
    As elites dominantes do País continuam mantendo sua histórica posição ao longo de quinhentos anos, considerando policial como escória. Elas é que precisam das polícias, mas parece que as polícias ainda não se deram conta disso ou, se há consciência, o controle abstrato de indeterminação do sujeito, efetivado pelos prepostos da raia graúda, se presta a manter as “onças rebeldes” acuadas nas tocas.
   
    Pelo andar da carruagem, se passarem mais poucos anos com os salários dos policiais sendo apenas reajustados pelos índices inflacionários comuns aos mortais, eles passarão a receber os velhos salários mínimos com que tanto sonham as elites.
   
    Nesse dia, a festa no “reino” vai ser geral. Champanhes serão estourados em comemoração, o caviar farto será jogado aos bassets alpinos, as comemorações vão varar a madrugada, sem hora para acabar!
   
    Num piscar de olhos, surgirá do nada o BOLSA-CANA! Para nivelar de vez os direitos dos policiais ao bolsa-família, ao bolsa-escola, ao bolsa-barraco. No mesmo ato, do alto de seu pedestal inatingível, a verdadeira e incontrolável filosofia nacional vai bradar: “PASSA A BOLSA MO IRMÃO!”.
   
    Autor: Antônio Tadeu Nicoletti Pereira - Vitória/ES
    Fonte: COBRAPOL