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Um passo contra a violência policial - 21/09/2012

Está sendo divulgado nacionalmente, com uma considerável repercussão, o afastamento do tenente-coronel Wellington de Urzeda Mota do Comando de Missões Especiais da Polícia Militar de Goiás. É que, recentemente, em função das graves denúncias levadas à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, esteve no gabinete do governador Marconi Perillo o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, deputado Domingos Dutra, acompanhado de outros parlamentares.

A comissão cobrou providências para a “situação de insegurança no Estado”, que estaria enfrentando uma preocupante escalada de violência. Dentre os dados expostos, destaca-se a suspeita de envolvimento do tenente-coronel no desaparecimento de 36 pessoas, tendo ele ainda comandado ameaças aos jornalistas da Organização Jaime Câmara e ocupado, com seus subordinados, a galeria da Assembleia Legislativa de Goiás, na tentativa de intimidar o deputado Mauro Rubem, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania.

Lembre-se que O POPULAR, em janeiro do ano passado, denunciou os casos de desaparecidos após abordagem policial. Mas as necessárias alternativas não foram buscadas. E agora, no Palácio das Esmeraldas, muitos outros fatos vieram à tona, como a suspeita de policiais militares estarem à frente de grupos de extermínio.

Os recentes assassinatos do advogado Davi Sebba Ramalho e do cronista esportivo Valério Luiz de Oliveira mereceram ênfase especial, porque comprovam a vulnerabilidade dos cidadãos em nosso Estado.

Principalmente quem conheceu na carne as agruras do regime militar (1964-1985) tem de cumprir o dever de não contribuir com seu silêncio para que essas atrocidades se repitam em Goiás, qualquer que seja a motivação.

Estou certo de que o afastamento do tenente-coronel Urzeda deve ser apenas um primeiro passo para as investigações, o julgamento e a punição dos culpados. Afinal, os agentes policiais precisariam se apresentar como nossos aliados, jamais como inimigos da população. Que o governador do Estado, o secretário de Segurança Pública e o comandante da Polícia Militar tenham suficiente humildade (e honestidade) para reconhecer a importância do papel desempenhado, nesse processo, pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. A arrogância e a truculência só são admissíveis no comportamento dos tiranos.

 

Pinheiro Salles é jornalista, dirigente da Associação dos Anistiados Políticos de Goiás (Anigo)

Fonte: Jornal O Popular (21.09.12)

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