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Crimes contra policiais civis de Goiás - 14/05/2007

Crime contra policiais

Quem nunca ouviu alguém reclamar que os direitos humanos são mais para os bandidos do que para o cidadão de bem? Essa é uma crítica muito comum, o descrédito com relação à seriedade da luta pelos direitos humanos já faz parte da opinião pública em geral. O motivo da indignação é de alguns familiares, parentes de policiais mortos por bandidos, que não tiveram, até o momento, a visita de nenhum membro da Comissão dos Direitos humanos de Goiás.

Só para se ter uma idéia, no último ano, seis policiais civis do Estado de Goiás, foram mortos pela ação covarde de bandidos inescrupulosos. Por certo, muitos policiais foram mortos no passado distante por marginais ou em troca de tiros com os mesmos, mas de um ano para cá houve um aumento considerável de mortes contra policiais. Só para relembrar, não podemos esquecer do policial civil Paulo Vinícius Domingos, lotado na Delegacia Estadual de Atendimento a Mulher, que em dia de folga, atendendo aos apelos e anseios da comunidade, tentando evitar um roubo, foi baleado por um assaltante no Edifício Parthenon Center, no centro de Goiânia. Paulo Vinicius morreu no dia 16 de Outubro de 2003.

A cronologia fatídica inicia-se no dia 29 de Março de 2006, quando o delegado da polícia civil Virgenor Florêncio Ramos foi assassinado ao reagir a uma tentativa de roubo nas imediações da agência do Banco do Brasil na Avenida Pio XII, Cidade Jardim.  O crime foi cometido por dois homens que ocupavam uma motocicleta Honda CG Titan Azul. Um dos acusados, Luiz Antônio de Amorim Neto, foi morto durante a troca de tiros com o delegado.

O escrivão da polícia civil Leonor Pereira da Silva, morreu no dia 04 de maio de 2006 vítima de assaltantes. O policial foi baleado na cabeça durante assalta à sua mercearia, localizada no Setor Mansões Paraíso, em Aparecida de Goiânia. O assalto ocorreu pouco depois das 20 horas. A mulher do escrivão, Antônia Maria Pereira da Silva, conversava com uma vizinha e se preparava para fechar a mercearia, quando dois rapazes entraram e anunciaram o assalto. Os acusados preparavam-se para fugir, quando Leonor Pereira entrou por uma porta lateral. De acordo com informações prestadas pela esposa do policial civil, um dos ladrões segurou o escrivão e o outro atirou a menos de dois metros de distância. A bala atingiu a testa da vítima, que caiu agonizando no chão, vindo a falecer no Hospital de Urgências de Goiânia. Após o crime, a polícia civil de Goiás agiu rápido e prendeu os acusados do crime. Estão todos à disposição da justiça.

Três meses depois, no dia 14 de Agosto de 2006, o policial civil Adriano Gontijo Caixeta, foi espancado, torturado e assassinado com mais de seis tiros por bandidos que assaltaram um ônibus de carreira que fazia o trajeto Goiânia – Cavalcante (GO). Conforme as testemunhas, dois dos acusados entraram no ônibus e recolheram dinheiro e objetos de valor dos passageiros, enquanto os outros dois faziam a segurança do lado de fora. O policial civil teria tentado esconder a identidade profissional, mais foi percebido. Um dos assaltantes se aproximou e disparou um tiro na barriga dele. Não satisfeitos, os acusados retiraram o policial de dentro do ônibus e o torturaram até a morte. Alguns dias após o fato, a policia civil de Goiás, mostrando eficácia e inteligência nas investigações desse latrocínio (assalto seguido de morte), desvendou o crime e prendeu todos os meliantes.

No dia 05 de outubro de 2006, o policial civil Sidnei Ricardo foi encontrado morto e carbonizado dentro do porta-malas de seu veículo, um Uno, BLS-3270, de São Paulo, num local conhecido como Lajinha, nas proximidades do Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia. Sidnei foi morto com um tiro na cabeça. Até o momento, o crime não foi elucidado. A família espera por respostas.

Mais recentemente, no dia 06 de Abril de 2007, o policial civil Vagner Madeira, foi assassinado defronte sua residência, na cidade de Valparaíso - GO. De acordo com testemunhas, a vítima voltava de uma festa, quando foi surpreendido com tiros, pelas costas, de pistola.765. Apenas um tiro atingiu Madeira. Mesmo ferido ele tentou correr atrás dos meliantes até cair, 70 metros depois.  Ao vê-lo no chão, os bandidos voltaram e desferiram outros tiros. Oito cápsulas foram achadas entre a casa de Madeiro e o local onde ele foi encontrado pela Polícia Militar de Goiás. O Agente morreu a caminho do Hospital Regional do Gama. Alguns dias após o crime, a polícia civil de Goiás prendeu os autores do assassinato.

No dia 22 de fevereiro de 2007, o policial civil Antônio Carlos Bastos de Souza foi baleado durante um assalto no Setor Dona Íris, em Trindade - GO. Na ocasião, os assaltantes tomaram o veículo do policial e ordenaram que o mesmo corresse sem olhar para trás. Mesmo obedecendo à ordem dos meliantes, o policial foi alvejado pelas costa.  Após o assalto, o policial civil foi socorrido e encaminhado ao Hospital São Lucas. Na madrugada do dia 07 de maio de 2007, setenta e sete dias após o crime, o policial civil Antônio Carlos, mais conhecido no meio policial por “Pit Bull” veio a óbito. Dados da polícia civil de Goiás dão conta que dois dos bandidos, responsáveis pelo crime, estão presos.

Em operação ousada, quatro homens resgataram um detento, Edson Rocha, que estava no Instituto Ortopédico de Goiânia, no Setor Bueno, onde seria submetido a uma pequena cirurgia em uma das mãos na tarde do dia 08.05.07. Os bandidos renderam os quatro agentes penitenciários que escoltavam o reeducando, ferindo um deles gravemente. Testemunhas disseram que o bando estava armado com uma metralhadora e uma pistola 380 e que mesmo sem terem reagido, um dos bandidos teria disparado contra os agentes. Jeosadaque Monteiro Silva Júnior, levou um tiro na cabeça.  Depois de quase uma semana internado, em estado gravíssimo, o agente faleceu hoje, dia 14.05.07. Um dia após o resgate, membros da quadrilha que fizeram o resgate do preso foram presos pela polícia civil de Goiás. Apenas Edson Rocha continua foragido.

A cronologia acima descrita é real. Aconteceu bem próximo de nós. Até quando iremos suportar essa situação? O momento requer um ato de repúdio patrocinado pelas entidades de representação de todas as polícias de Goiás, o Ministério Público, o Judiciário, a Ordem dos Advogados do Brasil e os representantes da sociedade civil organizada. Precisamos mostrar a importância da polícia como elemento de segurança pública e dar ao policial a segurança necessária para desempenhar as suas funções. Não podemos mais aceitar que policiais sejem alvos fáceis da bandidagem que agem ao arrepio da lei. Ao Estado cabe dar segurança a sociedade. O policial, como membro dessa sociedade e agente público, responsável direto pelo cumprimento da lei, merece também a proteção do Estado e o respeito da sociedade.  

Carlos José Ferreira de Oliveira é Agente de Polícia de Primeira Classe e Diretor da União Goiana dos Policiais Civis.