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Morte de Poiciais Civis em Goiás - 09/04/2016

Morte de Policiais Civis

Tomando como base os anos de 2003 a 2016 foram contabilizados 22 policiais civis assassinados por bandidos, todos de forma trágica e sem chances de defesas. Isso sem contar os cinco delegados e dois peritos mortos na tragédia de helicóptero no ano de 2012.

Só para relembrar e para não cair no esquecimento das autoridades de Goiás, imprensa e população em geral, em 2003 o policial civil Paulo Vinícius Domingos, lo­tado na Delegacia Estadual de Aten­dimento à Mulher, em dia de folga, tentando evitar um roubo em andamento, foi baleado por um assaltante no Edifício Par­the­non Center, no Centro de Goiâ­nia, e morreu no dia 16 de outubro.

Em 29 de março de 2006, o delegado da Polícia Civil Virgenor Florêncio Ramos foi assassinado ao reagir a uma tentativa de roubo nas imediações da agência do Banco do Brasil na Avenida Pio XII, na Cidade Jardim. Um dos acusados, Luiz Antônio de Amorim Neto, foi morto durante a troca de tiros com o delegado. O escrivão da polícia civil Leonor Pereira da Silva, morreu no dia 4 de maio de 2006, vítima de assaltantes. O policial foi baleado na cabeça durante assalto a sua mercearia, localizada no Setor Mansões Paraíso, em Aparecida de Goiânia. Após o crime, a Polícia Civil de Goiás agiu rápida e prendeu os acusados do crime.

Três meses depois, em 14 de agosto de 2006, o policial civil Adriano Gontijo Caixeta foi espancado, torturado e assassinado com mais de seis tiros por bandidos que assaltaram um ônibus de carreira que fazia o trajeto Goiânia – Cavalcante (GO). Alguns dias após o fato, a Polícia Civil de Goiás, mostrando eficácia e inteligência nas investigações desse latrocínio, desvendou o crime e prendeu todos os meliantes.

No dia 5 de outubro de 2006, o policial civil Sidnei Ricardo foi encontrado morto e carbonizado dentro do porta-malas de seu veículo, um Uno, num local conhecido como Lajinha, nas proximidades do Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia. Sidnei foi morto com um tiro na cabeça. Até hoje o crime ainda não foi desvendado. Seis meses depois, mais precisamente no dia 6 de Abril de 2007, o policial civil Vagner Madeira, foi assassinado defronte sua residência, na cidade de Valparaíso de Goiás. O policial voltava de uma festa quando foi surpreendido com vários tiros, pelas costas, de pistola 765.   O agente morreu a caminho do Hospital Regional do Gama.

No dia 22 de fevereiro de 2007, Antônio Carlos Bastos de Souza foi baleado durante um assalto no Setor Dona Iris, em Trindade - GO. O policial civil foi alvejado pelas costas e encaminhado ao Hospital São Lucas. Na madrugada do dia 7 de maio, Antônio Carlos, mais conhecido no meio policial como “Pit Bull”, veio a óbito. No dia 31 de agosto do mesmo ano, o agente Adevanir Alves, de 50 anos, morreu ao ser baleado em tentativa de assalto no Setor Cidade Jardim, em Goiânia. Adevanir resistiu ao assalto e foi alvejado dentro do próprio carro. Os tiros atingiram sua cabeça e seu ombro.

Em 12 de agosto de 2008, numa tentativa de assalto no centro do Gama, o escrivão da policial civil Delson Douglas da Silva, foi baleado por dois criminosos que estavam em uma motocicleta. Os tiros alvejaram o policial por três vezes. Após, o policial foi socorrido e encaminhado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Cerca de cinco horas depois, Delson não resistiu aos ferimentos, vindo a óbito.

O agente da Polícia Civil Márcio Lucena de Freitas foi morto a tiros no dia 10 de setembro de 2011, na Cidade Vera Cruz, em Aparecida de Goiânia, quando tentava apaziguar uma briga de trânsito. O policial estava de folga quando foi assassinado.  O crime foi elucidado e os criminosos presos. Em 19 de novembro também daquele ano, outro agente foi vítima de crime de homicídios. Marco Antonio Teixeira de Freitas foi vítima do crime de homicídio praticado por marginais que tentavam roubar um supermercado existente no Setor Santa Rita, em Goiânia. O policial agiu em legitima defesa própria e de terceiros, trocando tiros com os delinquentes. Na ação um bandido também foi morto pelo policial. Algumas horas depois, os demais assaltantes foram presos e autuados em flagrante na Delegacia de Investiga­ção de Homicídios (DIH).

Os policiais civis e irmãos Washington Oliveira Souza — agente de polícia 1ª classe, lotado na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Dercap) — e Willian Oliveira Souza — agente policial lotado no 3º DP (Setor Fama) — foram executados friamente por três homens e uma mulher em 15 de setembro de 2012, no Conjunto de Chácaras dos Campos Doura­dos, em Aragoiânia. Os policiais imploraram pela vida, mas mesmo assim foram executados. Um deles, com um tiro na nuca. Todos os criminosos foram presos pela Polícia Civil de Goiás.

Já em 2013, em menos de um mês, três policiais civis foram barbaramente assassinados. O primeiro foi Cláudio Gonçalves Dias, conhecido por “Carral”, lotado na Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automo­tores. Ele foi covardemente assassinado na tarde do dia 5 de novembro de 2013, em frente ao Hospital do Rim, próximo ao Lago das Rosas, quando foi atingido por vários disparos de arma de fogo. Jefferson Diego Gaspar de Melo, de 25 anos, conhecido como Dieguinho, autor do crime se entregou na sede do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e foi levado para a Casa de Prisão Provisória (CPP).

No dia 9 de novembro de 2013 a vítima foi o policial civil aposentado Waldir Ferreira dos Santos, de 53 anos. Ele foi morto na porta de sua casa no Resi­dencial Real Conquista, na região sudoeste de Goiânia, por um homem que estava a pé. Até o momento o crime ainda não foi elucidado. Nesta cronologia fatídica, o agente da polícia civil Marcondes Luiz Cavalcante Silva, de 56 anos, foi morto ao reagir a uma tentativa de assalto na noite de dia 27 de novembro de 2013, em frente ao Centro de Assis­tência Integral a Saúde (Cais) do Setor Vila Nova, em Goiânia.

No dia 09 de março de 2014 o policial civil Gustavo Pereira da Costa, de 31 anos, foi morto numa boate na Avenida Senhorzinho André de Ribeiro, Setor Social, em Itumbiara – GO. Segundo informações de testemunhas, o policial civil Gustavo Pereira da Costa, abordou Thiago Pereira de Oliveira, de 20 anos. Durante a abordagem, ouve um desentendimento entre os dois que acabou em agressão. O policial sacou sua arma e efetuou um disparo contra o rapaz que acabou sendo atingido na virilha. Baleado, o jovem reagiu tomando a arma do policial. Logo em seguida ele efetuou cinco disparos em direção ao policial – que foi alvejado no pescoço, tórax e abdômen. O policial civil foi socorrido pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e encaminhado para o hospital. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Gustavo era Agente de Polícia de 3ª Classe, lotado no GEPATRI (Grupo Especial de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio) de Itumbiara.

Na madrugada do dia 29 de Julho de 2015 o policial civil  João Paulo Arantes Silveira, 31 anos, foi assassinado na cidade de Bom Jesus de Goiás pela assassina Camilla Souza da Silva, de 18 anos, com um golpe de faca no peito. De acordo com a polícia, a garota confessou o crime. O delegado responsável pelo caso, Patrick Carniel, disse que o homicídio foi cometido por um motivo banal. Os policiais conseguiram prender a jovem após denúncias de populares. A arma que teria sido usada no crime também foi apreendida e levada para a perícia. A suspeita vai responder por homicídio qualificado. Se condenada, pode ficar preso de 12 a 30 anos.

O delegado da polícia civil do Estado de Goiás Célio Cassimiro Tristão foi covardemente assassinado no dia 29 de dezembro de 2015, durante um assalto no Residencial Guarema, em Goiânia. Ele foi baleado dentro de uma obra de sua propriedade. Mesmo baleado, com tiro na cabeça, o delegado foi levado inconsciente ao Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), no entanto, devido a gravidade dos ferimentos não resistiu e veio á óbito. A polícia militar, através do Batalhão de Choque, prendeu um dos autores do crime. Trata-se Rafael Pires de Almeida, de 22 anos, que foi encaminhado para a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) a fim de ser autuado. Outros dois maiores já estão presos e um menor apreendido acusados de participação no latrocínio (roubo seguido de morte).

No dia 22 de Janeiro de 2016 o agente de polícia aposentado Vergílio Costa foi morto por golpes de arma branca (faca) na região conhecida como Quebra Pau, às margens do lago Serra da Mesa, em Niquelândia. Após as investigações os policiais civis da Cidade, com auxílio da equipe do 7° NPTC, prenderam os suspeitos Vanilton Aleixo Chaveiro e seu pai José Aleixo Chaveiro, ambos vizinhos do policial civil. Vanilton Aleixo confessou o crime, afirmando que seu pai, José Aleixo não tem envolvimento com o fato ocorrido. Em que pese a negativa sobre a autoria pelo último, em razão do mandado expedido, ambos foram conduzidos ao Centro de Inserção Social (CIS) e permanecem à disposição da justiça. 

Oscar Charife Abrão Garcia morreu na madrugada do último dia 07 de fevereiro de 2016, após reagir a uma tentativa de assalto a um pit-dog, no Setor Oeste. Segundo as investigações, ele lanchava quando um adolescente de 16 anos e dois homens chegaram a anunciaram o assalto. Oscar reagiu e atirou contra os assaltantes. Um deles morreu e os outros dois revidaram, atingindo o agente, que morreu ainda no local. O menor foi apreendido e se encontra a disposição da justiça.

A mais recente morte ocorreu na manhã do dia 09 de abril de 2016. Trata-se do policial civil aposentado Félix de Jesus Nazareno. Ele foi vítima de uma tentativa de roubo na manhã do dia 31.03.16. Na ocasião, o policial civil foi atingido por dois disparos de arma de fogo no abdômen e foi operado no Instituto Ortopédico de Goiânia (IOG). Félix, que é policial civil aposentado, trabalhava como vigilante no Instituto Ortopédico de Goiânia. Por volta das 6h chegou ao local e foi cumprimentar colegas da empresa. Os assaltantes queriam levar o Toyota Corolla pertencente ao policial civil. Ele foi abordado e alvejado pelos suspeitos, mesmo ferido ele reagiu e atirou na dupla. Um dos suspeitos tentou fugir, mas caiu logo à frente já morto. Já o outro mesmo ferido conseguiu escapar. O mesmo estava internado em estado gravíssimo no Hospital Ortopédico de Goiânia (IOG) e, durante a madrugada do dia 09 de abril sofreu duas paradas cardíacas e infelizmente não resistiu, vindo a falecer.

A cronologia acima descrita é real. Aconteceu bem próxima de nós. Até quando iremos suportar essa situação? O momento requer um ato de repúdio patrocinado pelas entidades de representação de todas as polícias de Goiás, do Ministério Público, do Judiciário, da Ordem dos Advogados do Brasil e dos representantes da sociedade civil organizada. Precisamos mostrar a importância da polícia como elemento de segurança pública e dar ao policial a tranquilidade necessária para desempenhar as suas funções. Não podemos mais aceitar que policiais civis, responsáveis pela segurança pública, sejam alvos fáceis da bandidagem que agem ao arrepio da lei. Ao Estado cabe dar segurança a sociedade. O policial, membro dessa sociedade e agente público, responsável direto pelo cumprimento da lei, merece também a proteção do Estado.

Queremos também, neste espaço, repudiar veementemente a morte de policiais militares, federais, agentes prisionais e demais membros das forças de segurança públicas que são covardemente assassinados por bandidos, seja no seu cotidiano de trabalho ou no seu período de folga.

Carlos José Ferreira de Oliveira é Agente de Polícia de classe especial e diretor da União Goiana dos Policiais Civis (UGOPOCI).