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Futuro incerto - 26/08/2007

Estudo do Banco Mundial (BM) divulgado nesta terça-feira (10) em Bogotá, aponta que metade dos 140 milhões de jovens da América Latina e do Caribe encontra-se em "situação de risco" e seu futuro é incerto por diversas razões.

O relatório "O Desenvolvimento e a Nova Geração" afirma que, para melhorar essa situação, é muito melhor investir hoje no grupo populacional com entre 12 e 24 anos que enfrentar no futuro as conseqüências da falta desses investimentos.

O êxodo escolar prematuro, o desemprego, o consumo de drogas e de álcool, a violência e a criminalidade colocam em risco o futuro digno dos jovens latinos e caribenhos.

Segundo o relatório, o risco também está relacionado ao início precoce da vida sexual, com relações de alto risco e, no caso das mulheres, com casos de gravidez prematura ou indesejável.

Ao apresentar o relatório, a economista do Banco Mundial Wendy Cunningham afirmou que os comportamentos negativos dos jovens podem custar uma redução de 2% no crescimento da região.

Segundo o documento, o desemprego juvenil, a criminalidade, a gravidez indesejada, as doenças sexualmente transmissíveis e o consumo de bebidas alcoólicas, drogas e outras substâncias que causam dependência estão gerando um impacto negativo sobre a economia e os lares.

Cunningham também destacou que, considerando a estrutura da pirâmide demográfica regional, os custos dos países para fazer frente a esse problema continuarão aumentando até 2025.

Os jovens caribenhos e latino-americanos têm graves limitações para ingressar no mercado de trabalho formal, uma vez que não possuem formação suficiente, seja por falta de conhecimento ou experiência, ou porque entram e saem do mercado com muita freqüência nos primeiros seis ou oito anos de vida profissional.

O relatório afirma ainda que o desemprego dos jovens na América Latina e no Caribe afeta em média 33% deles. Embora não haja números sobre os subempregos, calcula-se que pelo menos uma porcentagem semelhante encontra-se nessa situação.

O documento apresenta uma lista de recomendações políticas e alerta para os riscos de medidas 'linha-dura', como o aumento da prisão de jovens, o julgamento de jovens em tribunais para adultos e a detenção deles em prisões para maiores, "aumentarem a criminalidade".

Sobre esse aspecto, o relatório afirma que a "recompra de armas não ajuda a reduzir a violência, mas aumenta a disponibilidade de armas", que os programas de "tolerância zero" não são suficientes e que muitos outros programas destinados a reduzir as condutas violentas entre os jovens não são efetivos, pelo contrário, "incentivam os comportamentos de risco".

"A violência é um problema que continua crescendo na região", afirma o relatório, que ilustra com números como as agressões são crescentes em centros educativos em muitos países da região.

No Brasil, 84% dos estudantes de 143 escolas de seis capitais consideram suas escolas violentas e 70% já admitiram terem sido vítimas de violência na escola. Em Bogotá, cerca de 30% dos homens e 17% das mulheres tiveram pelo menos uma briga na escola, segundo o estudo.

Segundo o BM, na Terra há 1,3 bilhão de jovens com entre 12 e 24 anos de idade, dos quais 150 milhões não sabem ler nem escrever. Além disso, metade de todos os desempregados do planeta encontra-se nessa faixa etária. Fonte: · Agência EFE