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Serviço público - 18/11/2007

Por: Paulo Ayres*

A cada dia novas ocorrências de lamentáveis casos de prejuízos de servidores públicos em decorrência da ação de uma fofoca, da falta de escrúpulo de um espertalhão ou da sandice de um desprezível puxa-saco.

Infelizmente, a grande maioria dos políticos, principalmente os detentores de mandatos, adora a companhia de um assessor puxa-saco, a tradicional figura do bajulador. Mas a vida do servidor público não é uma tarefa fácil mesmo, pois ainda tem que conviver com falsos moralistas, picaretas, hipócritas e espertalhões.

O serviço público rondoniense agoniza-se. O puxa-saco, também conhecido por lambe-botas, baba-ovo, xeleléu, chaleira ou qualquer outro nome que se queira dar, é aquele elemento (homem ou mulher) que conserva o incontrolável hábito de não medir esforços para agradar alguém, de preferência superior na hierarquia. Seu vício é pior que a droga, pois é capaz de moldar o corpo e a alma. Os danos em alguns casos são irreparáveis. Funcionários são colocados em funções marginais por conta da fofoca ou da falta de escrúpulo de um maldito puxa-saco.

No âmbito da administração pública, em seus diferentes níveis – federal, estadual e municipal, pode se verificar a institucionalização do puxa-saco. "Endeusar" o chefe é o mais corriqueiro. Tem puxa-saco espalhado em todo o Estado, e com disposição de fazer rigorosamente qualquer coisa para agradar o chefe. O fato é tão preocupante, que seguidas vezes, os gestores têm errado por conta de se deixar influenciar pela ação de assessores puxa-saco, que via de regra, despreparados, buscam nesta vergonhosa ação, aproximar-se ainda mais do poder, eliminar concorrentes ou eventuais ameaças e assim sendo se firmarem em suas posições ou cargos.

Para o puxa-saco vale tudo, o que importar é agradar o chefe. Alguns conseguem se sobressair de tal forma que viram até mesmo autoridade. Outros são tão apelativos que quase sempre deixam seus superiores em situação comprometedora ou constrangedora. O preocupante é que o puxa-saco na ânsia de ganhar a estima e atenção do chefe acaba prejudicando seus companheiros de trabalho. Por causa do puxa-saco, são incontáveis os registros de pessoas perseguidas na administração pública por pertencerem a outro partido, para citar um exemplo mais corriqueiro. Na grande maioria das vezes, as vítimas "julgadas e condenadas" sem direito a defesa, não sabem por que foram exoneradas ou demitidas, e quando sabem, não conseguem ter acesso para expor sua versão a respeito dos fatos.

É preciso então, atenção redobrada para diagnosticar prematuramente um vírus desta estirpe. Um puxa-saco profissional pode ser detectado à distância. Suas características principais: acentuada flexibilidade na coluna, pronta para concordar com tudo em forma de complemento oriental; o excessivo derramamento de elogios, sugestões (mesmo descabidas); sorrisos e ternura com o ser protegido, podendo ainda, em situações de contrariedade, tornar-se agressivo na defesa de seu ídolo.

Os políticos (salvo raríssimas exceções) adoram os puxa-sacos por serem adeptos da pratica da bajulação. Esta figura desprezível, dentro de sua versatilidade, consegue interpretar e conviver com a maior tranqüilidade. Ele é servil, dedicado, submisso, esforça-se ao máximo para agradar, submete-se a qualquer sacrifício, não tem preconceito nem partido político, não torce por nenhum time, está sempre disposto, é inimigo do mau-humor, não guarda rancor e ainda trata seu ídolo de doutor.

O profissional de bajulação torna-se tão versátil que, mesmo em ocasiões de troca de poder, facilmente consegue inverter a situação a seu favor. Não importa o vencedor do pleito. Situação ou oposição, o importante é que o poder, sua área sagrada de atuação, esteja constituído - o resto ele sabe interpretar. Tipo camaleão, transforma-se rapidamente em fervoroso defensor da bandeira de quem esteja comandando.

Mas enquanto na iniciativa privada ou até mesmo na administração pública cada um se protege como pode da ação do puxa-saco, é no âmbito do Poder Legislativo que além do puxa-saco entra em ação uma outra doença - a fofoca. Este mal ganha espaço avassalador, interferindo drasticamente em tudo.

A hedionda figura do puxa-saco não é um vírus exclusivo do Executivo. O maldito tem uma carreira mais rápida no âmbito da área política, em todos os níveis, pois via de regra também se utiliza do artifício da fofoca. Suas atitudes são escamoteadas, nos bastidores, atingindo sem defesa alguma suas vítimas. Inventam até pareceres ou normas, que via de regra não passa mesmo de sandice de quem quer vender uma imagem de austeridade, competência e zelo pela coisa pública. Tudo balela, geralmente são amadores, querendo "vender" sabedoria, mas novamente infelizmente, tem quem "compre". .

Por conta da fofoca ou de boato, (como queiram) servidores altamente qualificados são menosprezados ou simplesmente ignorados por gestores públicos. Para funcionários de carreira o drama é terrível. Estes são quase via de regra colocados sob suspeição, assim que os novos parlamentares são eleitos. Os "bonzinhos e competentes", são aqueles que estão chegando. Instala-se assim uma "zona de guerra", aonde antigos servidores são rechaçados sem terem feito absolutamente nada, mas acabam rotulados, condenados e prejudicados.

Detentores de mandato não buscam na grande maioria das vezes, verificar estas informações, se contentam exclusivamente com uma versão sobre os fatos. Altas autoridades têm sido também vítimas passivas de informações distorcidas, induzido-as ao erro ou a injustiça. Muitas decisões infelizmente têm sido tomadas com base unicamente em fofocas ou em pareceres medíocres, fabricados sob medida.

O que muitos desconhecem é que além das questões relacionadas à calúnia e difamação, a fofoca no âmbito institucional, deve ainda ser considerada como uma ocorrência de assédio moral.

Analisando as ocorrências políticas e os fatos históricos, podemos chegar efetivamente a triste conclusão de que este mal está vencendo no Estado de Rondônia. Os "espaços" para o bom profissional, a valorização de servidores, o respeito para com o cidadão simples, perde para aqueles inescrupulosos que por pressão, chantagem ou através da fofoca acabam mesmo assumindo posições e posições. No campo político-administrativo, parece até que quanto mais safadeza tiver no currículo, mas chance tem de galgar altos cargos ou altos salários.

Rondônia tem sido mesmo um paraíso dos espertalhões, dos dissimulados, do falso moralismo, aonde se prega uma coisa, e na prática é outra. O "pequeno" está sem defesa, humilhado, massacrado, sem esperanças, e tem obrigatoriamente que ficar calado, afinal, a cada quatro anos, aparecem certos "deuses", que na realidade, são típicas encarnações diabólicas.

O certo é que o mal está vencendo, porque os filhos das trevas são habilidosos em suas artimanhas e armações. Se o mal está vencendo é ainda um sinal para os Filhos da Luz, que em muitas das vezes, ficam aguardando que os seus problemas sejam resolvidos sem a sua participação. Enquanto presenciamos de forma angustiante, o mal proliferando, os bandidos sempre se dando bem, os picaretas cada vez mais organizados, os ladrões de luxo seguramente protegidos, os falsos defensores fazendo seus acertinhos, e os políticos hipócritas com àquela cara de imundice, nos resta apenas clamar a Deus, a fim de que possamos levar uma vida tranqüila e serena, com toda dignidade no serviço público.

Senhor Nosso Deus, eterno, grandioso em bondade e justiça. Neste momento elevamos os nossos pensamentos a Ti, Senhor, em oração pela nossa Rondônia. Pedimos ó Pai, a tua proteção constante sobre as nossas crianças, os jovens, e os adultos, e ainda, em relação aos coitados dos servidores públicos. Rogamos a tua graça.

Derrama Senhor a tua sabedoria, despertando sobre as autoridades, os sentimentos do respeito, da bondade, do reconhecimento e da retidão, para que eles possam governar os municípios e este Estado com justiça e competência. A todos nós, Pai Eterno cobre-nos com o teu Santo Manto de misericórdia. Esta é a nossa oração em nome de Jesus Cristo. Amem! Fonte: Sítio oobservador.com
 
* Paulo Ayres: Servidor Público, Jornalista, Radialista, Professor, Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos, Presidente da Associação dos Tecnólogos em Gestão de Recursos Humanos do Estado de Rondônia, Ex-Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Rondônia, Pós-Graduado em Metodologia do Ensino Superior.