Artigos UGOPOCI

Entrevista / Ernesto Roller - 17/12/2007

 

Jornal Hoje Notícias - Caderno Política - Dia 16/12/2007

Mirelle Irene

Esta semana, pesquisa da Confederação Nacional da Indústria e do Ibope apontou que 32% dos brasileiros estão muito preocupados com o aumento da criminalidade e definem este como um dos tópicos onde a ação do governo federal deve ser mais presente. Em Goiás, o secretário de Segurança Pública, Ernesto Roller, acredita que o Estado tem chegado na frente de muitos outros no quesito aparelhamento da polícia e confirmou a realização de concurso para vários cargos na Polícia Civil, já no início de 2008.

Hoje – Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada esta semana, no País 32% da população está muito preocupada com a Segurança Pública. No ano passado, a porcentagem era de 23%. Como o senhor interpreta esse crescimento?

Ernesto Roller – Essa pesquisa faz um chamamento à sociedade, governo e população, à união em torno de um único propósito. A Segurança Pública é a demanda perene do cidadão. Esteja ele onde estiver, 24 horas por dia, o cidadão precisa do serviço público de segurança. Nós não podemos deixar de reconhecer que existem ainda muitos obstáculos a serem transpostos no alcance de uma segurança pública cada vez mais efetiva. Isso porque a segurança não se constrói apenas com a ação policial, ela passa por um conjunto de ações e tem base no desenvolvimento econômico e social do País. Um jovem bem educado, bem formado, com acesso a condições positivas de vida, tem poucas chances de migrar para uma atividade criminosa.

Hoje – Em Goiás, a Segurança Pública pode ser classificada como prioridade?

Roller – O Estado de Goiás vive hoje um momento diferenciado dos demais Estados da federação. O governo Alcides Rodrigues tem feito um investimento muito forte na Segurança Pública. Hoje o policial goiano é o melhor remunerado entre todos os Estados do País, nós só ficamos atrás do Distrito Federal, cujo custeio é feito pela União. Adotamos em Goiás modelos importantes, que são copiados por outros Estados. Por exemplo, a locação de viaturas, que apresentou um resultado muito efetivo, ou o celular em cada viatura, à disposição da população. Isso demonstra nosso compromisso de que o tempo-resposta entre a demanda da população e a ação policial será o menor possível. Também houve investimento em armamentos. Fomos a primeira unidade do País a ter uma arma não-letal no combate a determinadas atividades de natureza específica. Temos melhorado o equipamento policial, enfim, adquirindo armamento melhor e mais eficiente para as nossas polícias.

Hoje – Qual o nível de entrosamento do governo estadual com o federal nas políticas de Segurança Pública?

Roller – O governador Alcides Rodrigues tem um excelente relacionamento com o governo federal, um relacionamento de aproximação institucional muito forte, com o reconhecimento por parte do governo federal da importância de que Goiás, estrategicamente, exerce no País, em virtude de ser o centro, o coração do Brasil. Recentemente, houve uma articulação do governador, do presidente Lula e do ministro Tarso Genro em que obtivemos a liberação para os próximos dias de algo em torno de R$ 8 milhões – recursos do Pronasci, o Programa Nacional de Segurança com Cidadania – para investimento na segurança pública do Entorno do DF.

Hoje – Como o senhor avalia as críticas que a Força Nacional tem recebido no Entorno do DF? A maioria dos prefeitos da região afirma que a atuação dela é quase nula e não resolve o problema da violência por lá.

Roller – O trabalho da Força Nacional é pouco perceptível em virtude do pequeno contingente. São 30 homens na escala/dia, para 1 milhão de habitantes. Desde o começo, temos afirmado com muita clareza que a Força Nacional como ajuda é bem vinda, mas não é a solução. É uma ajuda de natureza temporária, paliativa, que tem de vir acompanhada de políticas públicas voltadas para o enfrentamento das causas e das conseqüências da atividade criminosa. A Força atua no entorno com aproximadamente 130 homens, a nossa solicitação é de 500. Então, imaginamos que, quando esse contingente todo chegar ao Entorno, teremos resultados mais efetivos. Goiás tem feito sua parte – só este ano, por exemplo, já enviamos 172 viaturas para patrulhamento da região.

Hoje – Mas o Entorno é uma região delicada, que agrega as dificuldades de uma região conurbada, que une Goiás e DF nesse mesmo problema, o controle da violência. As responsabilidades também têm sido divididas a contento?

Roller – Estamos buscando todas as parcerias para resolver o problema, mas precisamos que o governo federal e, principalmente, do Distrito Federal nos ajude. O entorno é um problema por causa da proximidade de Brasília e não é justo que o DF receba por ano R$ 6 bilhões para custeio de saúde, segurança e educação e o Entorno, no território goiano, separado por divisas muitas vezes imaginárias, tenha um tratamento diferenciado e não receba os mesmos recursos.

Hoje – Dentro das ações de valorização dos recursos humanos da secretaria, o senhor confirma concurso para contratar policiais?

Roller – O governo tem esse compromisso. Tanto que, mesmo em um ano onde há um decreto proibindo a realização de concursos, o governador nos autorizou a realizá-lo. Nós estamos com processo bem adiantado para o concurso da Polícia Civil, e vamos realizá-lo no início do próximo ano. Temos de fazer mais, para a Polícia Técnico-Científica, para o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar. Faremos isso na medida em que haja possibilidade real nos cofres do tesouro estadual.