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País é o 3º onde mais jovens são assassinados - 24/12/2007

O estudo elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz com base em dados do IBGE e dos Ministérios da Saúde e da Educação traça o panorama da juventude em todo o país.
 
No topo da lista do Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) – uma espécie de "IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da juventude" - estão o Distrito Federal, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
 
No outro extremo, o Pará, Piauí, Maranhão, Pernambuco e, na lanterninha, Alagoas.
 
O IDJ é baseado em índices que avaliam três dimensões: educação, saúde e renda.
 
Comparado com os relatórios anteriores, divulgados em 2003 e 2005, a lista dos melhores e piores Estados quanto à situação da juventude não variou quase nada.
 
Para a realização do estudo, foi considerado jovem quem tem entre 15 e 24 anos.
 
O relatório aponta um Brasil, apesar dos avanços, ainda marcado pela imensa desigualdade – seja ela de renda, raça ou gênero.
 
Confira os principais números e as conclusões mais marcantes do relatório:
 
* Educação
 
- O analfabetismo juvenil dá sinais de que desaparecerá em curto prazo. Em 1993 a taxa de analfabetos jovens (que não sabiam ler nem escrever um simples bilhete) era de 8,2%; em 2001 caiu para 4,2%; em 2003 para 3,4%; e em 2006 para 2,4%.
 
- 2/3 dos jovens analfabetos do país estão concentrados no Nordeste, principalmente na Bahia, Maranhão e Pernambuco.
 
- O analfabetismo é maior entre os negros (3,2%) do que entre brancos (1,4%). Em Alagoas e no Piauí, o analfabetismo juvenil entre negros ultrapassa a casa dos 7%.
 
- Verifica-se melhor situação educacional das mulheres – média de 8,8 anos de estudo contra 8,1 anos dos homens.
 
- Os brancos conseguem estudar 9,3 anos em média; os negros só conseguem 7,7 anos de estudo.
 
- Em 12 das 27 unidades federativas, todas do Norte e Nordeste, a população jovem nem chega a uma média de oito anos de estudo – correspondente ao ensino fundamental completo.
 
* Mortalidade
 
- Numa lista de 83 países, o Brasil aparece como o terceiro onde a juventude mais morre por homicídios. Fica atrás apenas da Colômbia e Venezuela.
 
- O Brasil é o 26º do ranking na lista dos países que mais mata jovens em acidentes de trânsito.
 
- No quesito suicídio, as taxas brasileiras ainda são consideradas baixas – o país é o 66º na lista.
 
- Os homens morrem bem mais que as mulheres – 82,4% das mortes de jovens em acidentes de transporte são homens; 93,5% nos homicídios e 76,2% nos suicídios. 
 
- Quase a totalidade (92,2%) das mortes por doenças poderiam ser evitadas por atitudes preventivas.
 
* Renda
 
- A renda familiar per capita da juventude brasileira caiu entre 2001 e 2003 de 1,46 para 1,31 salário mínimo – o que representa uma queda de 10,2%. De 2003 a 2006, a queda foi menor: de 1,31 para 1,23 salário mínimo – queda de 6%.
 
- A renda familiar dos jovens negros é 50,6% inferior à dos brancos.
 
- Praticamente a metade dos jovens – 49,2% – tem renda própria.
 
- A renda média dos homens é de R$ 442,10, enquanto a das mulheres é de R$ 370,10. Os homens recebem, portanto, 19,5% mais que as mulheres.
 
- Cerca de 80% dos jovens estuda, trabalha ou faz as duas coisas. Aproximadamente 30% só estuda, 18% estuda e trabalha, 32% só trabalha, e 20% nem estuda nem trabalha.
 
- Os jovens que conciliam trabalho e estudo têm o maior nível de renda e a maior média de tempo de estudo.
 
- A lógica é perversa: nas camadas de renda inferior os jovens não conseguem trabalhar nem continuar estudando. Como não têm níveis de escolaridade compatíveis com as demandas do mercado, não conseguem trabalho. Como não têm renda suficiente, não conseguem continuar estudando.
 
* Tecnologia

 
- Só 33% dos jovens têm acesso à internet – taxa considerada extremamente baixa se comparada com a dos países europeus.
 
- Enquanto a maioria da população não tem acesso à internet, a minoria conectada bate recordes mundiais em horas navegadas na rede de computadores.
 
- Em 2006, quase 70% dos jovens tinham telefone celular. Em 2003, essa porcentagem era 12,3 – crescimento, portanto, de 462%.
 
- Em 2006, 24,3% dos jovens tinham computador em casa, e 18,6% tinham internet. O crescimento, comparado com o ano de 2003, foi de 45,4% e 50,1%, respectivamente.
 
- 25% dos jovens negros já tiveram a oportunidade de acessar a internet; no caso dos brancos, a porcentagem sobe para 44,1 – mais do que o dobro.
 
- Um jovem branco e rico do Paraná tem 13.330% mais chance de ter acesso a internet do que um jovem negro e pobre do Rio Grande do Norte ou Alagoas. Fonte: Blog do Noblat