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Política - 15/01/2008

Jornal Tribuna do Planalto – Caderno Política – De 13 a 19/01/2008

Passada a reeleição do governador Alcides Rodrigues (PP), a guerra se concentrou entre os que saíam do governo e os que entravam. Foi quando recrudesceu a disputa entre os partidários de Alcides, os alcidistas, e os do senador Marconi Perillo (PSDB), os marconistas.

Depois, houve uma leve movimentação no sistema de jogo. Ficou mais forte o jogo dos interesses de grupos, mais preocupados com o pragmatismo dos cargos no Estado e os benefícios indiretos que a proximidade com o poder proporciona, do que com o marconismo. Que, por sua vez, entrou em crise dentro da crise da base aliada.

Agora, não. Ninguém está olhando para o lado. É cada um por si. Ou para manter cargos, ou para segurar a sobrevivência política. Isso quer dizer que os alcidistas estão mais alciditas, os marconistas, não mais tão marconistas assim e que seja o que Deus quiser.

Há até, por conta do que não se sabe como será, os iristas-governistas. Essa turma é formada por aqueles filhos (bastardos?) do chamado 'Tempo Novo' que elegeu Marconi e Alcides, mas que agora espalham outra boa nova: Iris vem aí. Sim, Iris Rezende, o prefeito de Goiânia. É isso mesmo: Iris, do PMDB, que perdeu para Marconi, renasceu em 2004 e que nos últimos meses nega ser candidato este ano, mas admite disputar o governo com a antecedência de quase três anos.

O que não se sabe o que será na base é o governo Alcides. Muitos apostam que vai naufragar. Por isso, querem benefício, mas sem comprometimento. Outros, nem querem saber no que vai dar, porque isso não é com eles. E há os alcidistas. Estes acreditam que o governo será um sucesso. No geral, a maioria dos aliados age esperando o pior. Daí que, se o governo de fato der certo, vai pegar muita gente com a calça na mão.

Algumas dúvidas cruéis guiando a nova desordem na base:

* “Se Alcides der certo, Marconi rompe com ele? Ou rompe antes?
* Ou Alcides é que rompe com Marconi, quem sabe a pedido de Lula?
* Marconi vai voltar em 2010 e vingar-se contra todos aqueles que hoje o enfrentam?
* Ou antes disso o tucano será atropelado em uma das muitas armações que se voltam contra ele, ou que se armam contra ele?
* Dá pra acreditar que Alcides e Iris vão se unir, mesmo que informalmente, e que nessa aliança pode entrar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles?
* Mas, e se Marconi buscar Iris para um acordo, os dois se juntam? Porque, em verdade, Marconi vos disse: "Os inimigos de hoje podem ser os aliados de amanhã." Ou vice-versa. Ou coisa parecida. Bem, ele disse. Profecia?
Tantas emoções para os aliados que está todo mundo desnorteado.
Porém, sejamos justos: o sentido de desnorteamento não pode ficar restrito à base aliada. Deve ser estendido a todo o cenário político de Goiás, que não mais comporta uma interpretação baseada no lado A contra o lado B. Pode até voltar a ficar assim. Mas hoje está diferente. Está aberto.
Simples: a base aliada já era, o PMDB não é mais o mesmo, o PT já foi PT. Ninguém é de ninguém, todo mundo é de todo mundo e a reforma do governo Alcides vai bater na cabeça de todo mundo e dar novo rumo ao jogo político no Estado, independente de como ela será - porque já é contra-ordem estabelecida.
Enfim, até que uma nova ordem chegue e mostre quem sobreviveu, de ombro erguido, salve-se quem puder!