Causos, contos e prosas

A Aliança de noivado

Olá, meu nome é Gilma, apesar de não gostar de pescaria, acompanho, sempre que posso o meu marido em suas pescadas. No entanto, o fato se deu quando ainda éramos noivos, com casamento marcado para abril de 2000.

Parece inacreditável, mas o fato aqui narrado é verídico. Aconteceu em julho de 1998. Nesse ano, o local escolhido para a pesca foi o Rio Cristalino – MT. A turma era composta por 15 pessoas, todas moradoras do Jardim América. A pescaria estava bastante animada. Muitos peixes já haviam sido fisgados. Numa dessas, pela manhã, a mulherada se reuniu para tomar sol e outras para limpar os pescados que acabara de ser capturados pelos nossos acompanhantes.

O rio estava calmo e suas águas límpidas. Para facilitar a limpeza e para não diminuir o brilho da minha aliança de noivado resolvi tirá-la do meu dedo. Procurei um lugar seguro, em cima de uma tábua, próximo ao meu alcance e próximo à margem do rio.

Nesse ínterim, passou duas canoas, em alta velocidade, a qual fez emergir algumas ondas. Quando algumas dessas ondas atingiram as margens do rio a minha aliança foi arremessada para dentro da água. O desespero foi total! Comecei a procurar pela aliança sendo auxiliadas pelas minhas amigas. Tudo em vão. Apesar da claridade das águas do Rio Cristalino não foi possível localizar a aliança. Passei os últimos dias do acampamento procurando por ela. Fiquei muito triste. Meu noivo me consolou dizendo que me daria outra igual.

Três anos após o fato, no ano de 2001, já casada, voltamos ao mesmo local da pescaria, no Rio Cristalino, praticamente com a mesma turma. As lembranças voltaram à mente. O assunto da aliança foi retomado no acampamento. Na hora da limpeza dos peixes, todos, sem exceção faziam gozações, pedindo para que eu não retirasse a aliança de casada do dedo. Diziam que daquela vez o meu noivo havia me perdoado, mas, que desta vez meu marido não me perdoaria.

Agora, o inacreditável aconteceu. No último dia de pescaria, pela manhã, o meu marido, juntamente com alguns dos pescadores, fisgaram bastantes tucunarés. Na hora da limpeza a surpresa: Dentro da barrigada de um dos tucunarés, uma aliança. O meu marido assustado deu um grito e me chamou. Todos correram para ver o que estava acontecendo. Após o tumulto, após a ansiedade e após o inacreditável só faltava uma coisa para ter a certeza de que aquela era a minha aliança. Com muito cuidado, após recuperar o brilho da jóia encontrada, na parte de dentro da aliança continha os seguintes dizeres: “Carlos e Gilma – 22.11.97”.

Autor: Gilma Nogueira da Silva de Oliveira