Causos, contos e prosas

Sô Trabaiadô...Seu Delegado

Sô trabaiadô...Seu Delegado

 - Parados, Polícia, mãos ao alto, os três!!! (Gritam os dois policiais)
Imediatamente, ao ouvirem os gritos, os três meliantes olham para trás assustados, com os olhos arregalados e um ar de decepção, na mesma hora cai a ficha e, em pensamento eles dizem,"A casa caiu, sujou geral". Com certeza a casa tinha caído literalmente para estes marginais, que usurpam diariamente os direitos do cidadão honesto e trabalhador. A polícia estava no encalço deles a muito tempo, por tráfico de drogas naquela região, porém pegar um flagrante era difícil, porque existiam muitos "olheiros", meliantes que sempre davam algum sinal para os traficantes, quando a polícia estava se aproximando dos locais onde ocorriam a venda destas substâncias entorpecentes. Mas desta vez foi diferente, os policiais foram espertos, estudaram a melhor forma de chegar ao local, silenciaram os "olheiros", um a um, desartilucando a estratégia destes bandidos, até enfim, chegar a "boca do fumo" e abordar no flagrante.
A polícia mandou todos os meliantes encostarem em um muro, enquanto eram revistados e em clara desvantagem contra a pol[icia, eles deixavam de ser valêntes, valentia só para com as pessoas humildes e desarmadas, não é? Agora o discurso era outro, totalmente ao contrário, eles se diziam inocentes, vítimas da sociedade ou de uma armadilha, naquele momento eles deixavam de ser os "Reis do tráfico, os fudidões da favela, os malandros", não, de forma alguma, culpados eles? imagina? eram anjinhos, homens de bem, trabalhadores e honestos. Se vendo em desvantagem, pegos no flagra, agora eles pareciam "bebezinhos chorões", queriam mamãe, falavam de suas familias, de seus filhos e ainda, de seus direitos, como humanos, claro não é? Agora lembravam dos seus direitos, da lei , até da constituição federal, pois é, mas esqueciam dos seus deveres, claro, deveres ninguém quer cumprir nesta hora e nem em outras horas, pra quê cumprir o dever, se pode-se viver na malandragem? pois é!
Todo mundo para o xadrez, não há defesa, todos foram pegos no ato, em flagrante, vendendo grande quantidade de drogas para menores, destruindo a vida de filhos e de famílias inteiras. Os meliantes foram encaminhados para a delegacia, apresentados ao delegado e adivinhem, qual é o discurso?
- Dr. Sô trabaiadô...seu delegado a gente caiu em uma emboscada, um armadilha, nunca fizemo isso....somos inocentes e bla...bla...bla.
O Delegado, calejado pelo tempo, evidentemente não engole a história, no pouco que ele os interroga, as contradições são grotescas e obviamente eles são culpados, não há o que discutir.
- Todos estáo em cana! Diz o delegado.
Vendo que não tinham conseguido persuadir o delegado, nem os policiais, que não são nada tontos, eles tentam outro caminho, o suborno, aí sim, pensam eles, "agora é nois", na linguagem deles. Pura ilusão dos meliantes, ainda existem policiais honestos, ao ouvirem a proposta de 50 mil reais os policiais ficam chocados e ameçam espancar os marginais, mas o delegado interfere e manda levar os bandidos para a cela. Na cela os "anjinhos", deixam cair a mascara de vez, ameaçam os políciais e suas familias, ofendem e gritam, querem fazer uma rebelião e virar notícia nos meios de comunicação, então eles olham o colchão novinho ao lado, seus olhos brilham, um dos detentos acende o fogo....o restante...deixa o Datena contar....este é o nosso Brasil....

Autor: João Molon Neto
Publicado no Recanto das Letras em 05/08/2009

Código do texto: T1738560